Franceses voltam a sair às ruas de Paris em homenagem aos curdos mortos em ataque
Manifestação desta segunda-feira é organizada pela comunidade curda na capital francesa.
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As emoções ainda estão à flor da pele na comunidade curda em Paris. Três dias após a morte sangrenta de três pessoas na rue d'Enghien, o Conselho Democrático Curdo em França (CDKF) apelou a uma nova marcha esta segunda-feira, na capital francesa, no local da tragédia, que começou às 12h (11h em Portugal continental). Está previsto que a marcha se dirija para a rua Lafayette onde, na noite de 9 para 10 de janeiro de 2013, também três ativistas curdos foram assassinados, num caso que nunca foi resolvido.
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Pouco depois do ataque de sexta-feira, centenas de pessoas saíram à rua para fazerem ouvir as suas vozes de protesto. Na sequência da visita do ministro do Interior, Gérald Darmanin, ao local eclodiram confrontos entre alguns manifestantes e a polícia.
Os representantes da comunidade curda pediram uma nova homenagem no sábado, na Place de la République. Também no final dessa marcha, à margem, registaram-se violentas explosões no Boulevard du Temple.
Na sexta-feira, um homem com 69 anos abriu fogo num centro cultural curdo em Paris, matando três pessoas e ferindo outras três.
As autoridades francesas manifestaram a total rejeição do que o Presidente Emmanuel Macron descreveu como um ataque "odioso" contra os curdos em França.
O homem suspeito deixou no domingo a ala psiquiátrica da sede da polícia e será presente a um juiz de instrução esta segunda-feira, com vista a uma possível acusação.
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A informação foi avançada pela procuradoria, que detalhou que o suspeito foi de novo levado sob custódia no domingo à tarde, depois de no sábado, ao final do dia, ter sido hospitalizado numa unidade psiquiátrica.
O detido, que alega ter um "ódio patológico a estrangeiros", é um reformado francês que admitiu ter aberto fogo num centro cultural curdo e num salão de cabeleireiro em Paris, matando três curdos e ferindo outras três pessoas.
O homem, com antecedentes criminais por ataques racistas e libertado da prisão no dia 11 deste mês, tinha acesso a armas por fazer parte de um clube desportivo de tiro e não pertencia a qualquer grupo de extrema-direita, indicou, na altura, o ministro do Interior francês.
O suspeito enfrenta potenciais acusações de homicídio e tentativa de homicídio com um motivo racista, segundo o Ministério Público parisiense.
A investigação não conseguiu até agora estabelecer quaisquer ligações particulares com a comunidade curda, e nem a análise do seu telefone, nem do computador que tinha em casa dos pais estabeleceram qualquer relação com a ideologia de extrema-direita.
As investigações excluem, para já, o caráter terrorista da ação, como defendido por representantes da comunidade curda em França, que colocam a Turquia por detrás dos acontecimentos, ocorridos quase dez anos depois do assassinato a sangue frio de três militantes curdos muito próximo do local onde este tiroteio teve lugar.