Kiran Stacy, do Financial Times, lembra que apenas alguns deputados mais radicais da oposição pedem a demissão do primeiro-ministro, por isso este jornalista acredita que David Cameron acabará por sobreviver a este caso.
Corpo do artigo
O jornalista Kiran Stacy, da editoria de política do Financial Times, acredita que o primeiro-ministro britânico, David Cameron, sairá incólume da escândalo das escutas que está a abalar o Reino Unido e que vai levar Rupert e James Murdoch bem como Rebekah Brooks à Câmara dos Comuns.
«A oposição trabalhista tem exigido um pedido de desculpa e para já não vai mais longe pedindo para se afastar. Só alguns deputados de uma ala mais radical é que pedem a sua demissão mas poucos. Acho que vai aguentar, mas as coisas mudam tão rápido que é difícil dizer como vai acabar», explicou.
Kiran Stacy acredita que David Cameron irá passar sem problemas o teste no parlamento britânico onde se desloca na quarta-feira para dar explicações sobre este caso, em particular sobre a sua ligação com Andy Coulson, ex-director do News of the World, envolvido nestas escutas.
Mas a desconfiança do chefe da Scotland Yard, Paul Stephenson, que entretanto também se demitiu do seu posto, para contar a Cameron que usava o antigo director do jornal Neil Wallis para resolver o caso não abona a favor do chefe do governo britânico.
«O que o Paul Stephenson não disse, mas sugeriu é que não confiava em Cameron para lhe falar do trabalho de Neil Wallis, porque receava que ele fosse contar a Andy Coulson. Isso poria em causa a investigação às escutas ilegais. Se era isto que ele queria dizer, é uma acusação muito grave contra o primeiro-ministro», acrescentou Kiran Stacy.
Para Stacy, «no pior cenário para os media, muitos jornalistas podem ir para a cadeia e as regras para a comunicação social podem ser ainda mais restritas no futuro», o que, de resto, «já está a ser discutido».
«Para o Governo, o pior cenário seria a demissão de David Cameron, mas isso é apenas uma possibilidade. Para a polícia, é ficar demonstrado que há corrupção na instituição. Mas, para eles, o pior cenário já chegou: perderam Paul Stephenson e Johnny Yates, dois dos principais chefes. Pior não podem ficar», concluiu.