Dissidentes sírios no exílio apelaram, este sábado, à população para desencadear uma campanha de desobediência civil com o objectivo de forçar o afastamento do Presidente Bachar al-Assad.
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Pelo menos 400 membros de diversas correntes da oposição, onde se incluíam islamistas e liberais conservadores, compareceram no designado Congresso de Salvação Nacional que decorreu em Istambul, com o objectivo comum de tentar terminar com 41 anos de poder da família Al-Assad, referiu a cadeia de televisão árabe Al-Jazeera.
«Pretendemos incrementar a intensidade dos protestos pacíficos através da desobediência civil, atingir o regime em termos económicos e paralisar o Estado com o mínimo de perdas», afirmou durante a reunião o opositor Wael al Hafez.
As informações provenientes do conclave oposicionista também referem uma discussão acesa sobre a oportunidade de formar um «governo sombra».
«Vamos reforçar com algumas secções o nosso conselho que decorre em Istambul para ajudar o movimento popular nas ruas, por exemplo através de uma ajuda monetária. E ainda através de reuniões com responsáveis turcos para aumentar a pressão sobre o regime e impor o fim da repressão às pessoas que se manifestam nas ruas», anunciou por sua vez Haytham Al Maleh, um dos mais destacados opositores ao regime de Damasco.
Activistas da oposição também deveriam participar na conferência por telefone a partir da capital síria, mas acabaram por anular a iniciativa após a repressão das manifestações de sexta-feira, com um balanço de 22 mortos e apenas na capital, segundo círculos oposicionistas.
Ao dirigir-se a partir de Damasco e por telefone ao encontro de Istambul, Mashaal Tammo, outra figura da oposição, considerou que Assad perdeu a legitimidade para continuar a governar e apelou à sua demissão.
Num discurso muito emotivo, Tammo considerou que «já não se justifica a existência do regime» e apelou à transição pacífica para um Estado civil, pluralista e democrático.
Ainda na Turquia, e na etapa final da visita oficial de um dia ao país, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, referiu-se à «perturbante situação» na Síria. Disse que a «brutalidade tem de parar» e apelou ao líder de Damasco para encetar um «esforço legítimo e sincero com a oposição para assegurar as mudanças necessárias».