As principais figuras da oposição na Síria e destacados activistas faltaram, este domingo, à reunião convocada pelo Governo de Damasco para promover o diálogo no país.
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Os opositores adiantaram que não participam enquanto o regime continuar a reprimir os manifestantes.
Segundo as agências internacionais, no encontro de dois dias, que começou este domingo na Universidade de Damasco, participam os principais nomes do regime do presidente sírio, Bachar al-Assad, intelectuais e algumas figuras menos proeminentes da oposição.
No discurso inaugural, o vice-Presidente sírio, Faruk al Chara, reconheceu que «este diálogo não começa num ambiente confortável, tanto no interior (da Síria) como no exterior», acrescentando que «existem planos contrários ao país preparados com antecedência».
A reunião convocada pelo Governo pretende debater a aprovação de novas leis e as mudanças constitucionais sobre eleições, administração local e comunicação social.
Em estudo estarão as reformas previstas da Constituição, nomeadamente a anulação da cláusula 8, que define o partido Baas, no poder na Síria desde 1963, como «o dirigente do Estado e da sociedade». A eliminação da cláusula sobre o partido Baas é uma das reivindicações da oposição síria.
A designada Associação para o Diálogo Nacional, criada recentemente pelo Governo sírio e dirigida pelo vice-presidente Faruq al Shara, convidou forças políticas e intelectuais para a reunião, mas a oposição tem recusado qualquer tipo de diálogo que não envolva a saída de al-Assad do poder.
Na sexta-feira, mais de 450 mil pessoas manifestaram-se na cidade de Hama, a norte de Damasco, para exigirem o fim do regime e a realização de eleições livres, numa jornada de protesto que se estendeu às principais cidades da Síria.
Na repressão dos protestos de sexta-feira pelas forças de segurança morreram pelo menos 13 pessoas, de acordo com organizações sírias de defesa dos direitos humanos.
A resposta das forças de segurança sírias às acções de protesto da oposição tem sido invariavelmente violenta, com organizações não-governamentais a contabilizarem pelo menos 1500 mortos desde que a contestação ao regime de Bachar al-Assad começou, a 15 de Março.