O ministro da Economia, Robert Habeck, garante que o Governo está "a fazer tudo o que pode" para que o fornecimento de gás para a Alemanha continue "estável".
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A Alemanha afirmou esta quarta-feira que as suas empresas vão continuar a pagar pelo gás russo em euros ou dólares, depois de a gigante Gazprom ter cortado o fornecimento de Polónia e Bulgária por não terem pagado em rublos.
A intenção do executivo alemão foi expressa à Bloomberg pelo ministro da Economia, Robert Habeck, que garantiu que o fornecimento de gás para a Alemanha é "estável" e que o Governo está "a fazer tudo o que pode para que se mantenha assim".
"Os contratos legais privados estão a ser aplicados" para o gás russo, disse, garantindo que a Alemanha está a seguir as orientações publicadas pela União Europeia na semana passada, pelo que as empresas alemãs irão continuar a pagar em euros e dólares.
O Presidente russo, Vladimir Putin, estabeleceu que os compradores europeus de gás deverão abrir duas contas no Gazprombank - uma em moeda estrangeira e outra em rublos. O banco seria então responsável pela conversão da moeda estrangeira para a russa e pela transferência do dinheiro para a Gazprom.
Habeck tinha já anunciado, na terça-feira, que a Alemanha poderá ficar independente do petróleo russo dentro de dias e não apenas no final do ano.
Em conferência de imprensa na Polónia, disse que a Alemanha tinha conseguido reduzir a sua dependência do petróleo russo de 35% de antes da invasão da Ucrânia para 12% na atualidade.
Os atuais 12% correspondem às importações realizadas, através de um oleoduto, para a refinaria de Schwedt, no leste do país.
O ministro, que é do partido Os Verdes, admitiu que nos próximos dias seja possível desenvolver uma alternativa de fornecimento a este oleoduto, gerido pela russa Rosneft.
No final de março, Putin tinha dito que os clientes estrangeiros da Gazprom, "hostis à Federação Russa", deveriam pagar o gás importado em rublos, mas a maioria dos países da União Europeia, incluindo a Polónia e a Alemanha, não aceitou essa exigência.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já assegurou que Bruxelas tem planos de contingência para contornar os cortes de gás da Rússia, sublinhando que a decisão "constitui um instrumento de chantagem".
Em resposta a Von der Leyen, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, considerou que o corte do fornecimento a Polónia e Bulgária "não é um instrumento de chantagem".
Os dois países atingidos - a Polónia e a Bulgária - garantiram que conseguem continuar a fornecer gás aos consumidores, assegurando que têm fornecedores alternativos, mas admitindo também que contam com a ajuda da União Europeia.
A guerra na Ucrânia já matou mais de dois mil civis, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
O conflito causou a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, das quais mais de 5,16 milhões para fora do país, ainda de acordo com a organização.