Jens Stoltenberg garante que "nada há de misterioso", no acordo com a Turquia, para a adesão da Suécia à NATO.
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O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg afirma que o acordo alcançado entre Estocolmo e Ancara, para a adesão da Suécia à Aliança Atlântica, faz da cimeira de Vílnius um momento "histórico" e sublinha que a "segurança da NATO" é fortalecida com o acordo.
"Esta cimeira já é histórica antes mesmo de começar, porque temos agora em vigor a adesão da Suécia. A Suécia tornar-se-á um membro de pleno direito desta aliança", afirmou Stoltenberg, considerando que se trata de um reforço para a segurança dos aliados que "é bom para a Suécia, é bom para a Turquia, é bom para toda a NATO e também é bom para a região do Báltico".
Questionado sobre os termos do acordo e eventuais cedências a Ancara, depois de o presidente turco ter demonstrado que estava disposto a fazer exigências de última hora, Stoltenberg garante que se tratou apenas da "consciencialização" das partes envolvidas sobre a importância da defesa coletiva, para a estabilidade global.
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"As pessoas pensam que é muito misterioso, mas na verdade não é", assegurou Stoltenberd, frisando que "na realidade", o acordo "está no interesse da Turquia".
"A Turquia levantou muito cedo algumas preocupações legítimas de segurança relacionadas com o terrorismo", destacou Stoltenberg, lembrando que a Suécia satisfez todos os compromissos assumidos na Cimeira de Madrid.
Stoltenberg não fugiu aos temas controversos, nomeadamente a cedência por parte dos EUA de bombas de fragmentação à Ucrânia, mas afirma que este tipo de armamento já está em utilização pela Rússia.
"A diferença é que a Rússia está a usar munições de fragmentação para invadir outro país e ocupar a Ucrânia, enquanto a Ucrânia está a usar munições de fragmentação para se defender da agressão russa", enfatizou, garantindo que a NATO vai manter o apoio à Ucrânia, pelo tempo que for preciso.
"As guerras são, por natureza, imprevisíveis. Tendem a durar mais do que esperamos. Mas a nossa única resposta é que precisamos apoiar a Ucrânia pelo tempo que for necessário, e precisamos intensificar e sustentar o nosso apoio à Ucrânia", assegurou.
A cimeira que arranca esta terça e quarta-feira em Vílnius, na Lituânia, tem como tema central o apoio à Ucrânia. Já se sabe que os aliados são a favor do apoio a Kiev "pelo tempo que for preciso", como reafirmou o secretário-geral da NATO.
Nesta cimeira, vão apoiar o reforço dos equipamentos, como por exemplo material de desminagem. Todos estão de acordo neste aspeto. Também não há dúvidas sobre se a Ucrânia deve ou não ser membro da NATO. A controvérsia está no processo que deve ser adotado para inclui Kiev entre os membros da aliança Atlântica.
Segundo apurou a TSF, alguns países como a Estónia, a Letónia, a Lituânia e a Polónia defendem que o processo de adesão da Ucrânia à NATO seja acelerado, o mais possível. Mas, a posição geral é de maior prudência.
A discussão em torno das condições, coloca de um lado os que pedem mais rapidez, a defenderem que seja assim que possível. Ou seja, quando a guerra estiver terminada. Mas, outros países, como é o caso de Portugal, Alemanha, Países Baixos, ou mesmo os Estados Unidos, sugerem uma linguagem mais cautelosa, defendendo que a adesão aconteça "quando as condições estiverem reunidas", como defendeu ontem o primeiro-ministro, António Costa, em declarações aos jornalistas. Nesse caso, o processo estaria vinculado a um conjunto de critérios. Por exemplo, o funcionamento democrático, ou o combate à corrupção.
Mas, há para já um sinal, dado à Ucrânia já na cimeira de Vílnius, que fica dispensada de cumprir o plano de ação para adesão à Nato. Esse plano impõe critérios de avaliação não só no domínio político e económico, mas também em matéria de defesa, segurança e aspetos legais.
Outro elemento de aproximação é a possibilidade de Kiev poder sentar-se à mesa, com os membros da Aliança Atlântica, no conselho Nato Ucrânia, na primeira reunião do organismo recém-criado, também nesta durante esta cimeira, com a participação de Volodymyr Zelensky.