Depois do verão mais quente alguma vez anotado no hemisfério Norte, o calor fora de época e os dados de países com França, Alemanha ou Polónia fazem adivinhar um novo recorde.
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O mês de setembro que terminou este sábado pode ter sido o mais quente de sempre desde que há registos na história da humanidade, adiantam os dados meteorológicos de vários países.
Áustria, França, Alemanha, Polónia e Suíça anunciaram esta sexta-feira que o mês foi o mais quente desde que têm registos, num ano que se prevê também ele o mais quente da história da Humanidade devido às alterações climáticas. Isto, já após o monitor climático da União Europeia ter dito, no início de setembro, que as temperaturas globais de verão no hemisfério Norte foram as mais quentes de que há registo.
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A autoridade meteorológica francesa, Meteo-France, afirmou que a temperatura média em setembro no país deve fixar-se em 21,5 graus Celsius (ºC), entre 3,5 ºC e 3,6 ºC acima do período de referência 1991-2020. Há quase dois anos que as temperaturas médias em França excedem sistematicamente as normas mensais e na primeira semana do mês chegaram a sentir 38,8 ºC.
Na vizinha Alemanha, o instituto meteorológico DWD declarou que o nono mês do ano foi o mais quente desde que há registos nacionais, quase 4 ºC acima do valor de referência de 1961-1990.
O instituto meteorológico da Polónia anunciou que as temperaturas do mês foram 3,6 ºC superiores à média e as mais quentes para o mês desde que há registos há mais de cem anos.
Os institutos nacionais de meteorologia da Áustria e da Suíça também registaram as temperaturas médias mais altas de sempre em setembro, um dia depois de um estudo ter revelado que os glaciares suíços perderam 10% do seu volume em dois anos devido às temperaturas extremas.
Aqui mais ao lado, em Espanha, há casos como os de Córdova, no Sul do país, que chegou a registar 45,7 ºC no dia 5 de setembro. Acredita-se até que nunca outro ponto da Europa alguma vez tenha registado tamanho calor em setembro.
Ainda na manhã deste domingo o sistema Copernicus alertou no X (antigo Twitter) que há uma vaga de calor a atingir a Península Ibérica.
Em Badajoz, por exemplo, a temperatura chegou aos 37.9 ºC neste sábado e as autoridades meteorológicas espanholas dizem esperar valores dez graus Celsius acima dos de referência para esta altura do ano, pelo menos até segunda-feira.
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Sobe sobe, temperatura sobe
Os cientistas afirmam que as alterações climáticas provocadas pela atividade humana estão a fazer subir as temperaturas globais, com o planeta a aquecer cerca de 1,2 ºC acima dos níveis pré-industriais e o Serviço de Alterações Climáticas Copernicus, da União Europeia, disse à agência France-Presse, no início deste mês, que 2023 será provavelmente o ano mais quente que a Humanidade já viveu.
E os termómetros devem continuar a subir, já que o fenómeno climático conhecido por El Nino - que aquece as águas do Pacífico Sul e não só - ainda agora começou e fenómenos meteorológicos extremos como ondas de calor, seca, incêndios florestais e tempestades estão a tornar-se mais frequentes e intensos, causando mais mortes e perdas de bens.
A partir de 30 de novembro, os líderes mundiais reúnem-se no Dubai para conversar, no âmbito das Nações Unidas, sobre formas de travar os piores efeitos das alterações climáticas, incluindo limitar o aquecimento a 1,5 ºC, um objetivo expresso do Acordo de Paris de 2015.
A redução da emissão de gases com efeito de estufa - que passa pela eliminação faseada do consumo de gás, petróleo e carvão poluentes -, o financiamento do clima e o aumento da capacidade de produção de energias renováveis vão ser temas em cima da mesa.
"Até atingirmos a neutralidade carbónica, os recordes de calor vão ser sistematicamente batidos semana após semana, mês após mês, ano após ano", disse à AFP o autor principal do relatório climático da ONU, François Gemenne.