Jean-Marie Le Pen, fundador do partido de extrema-direita francês Frente Nacional (FN), afirmou hoje "não ser Charlie" numa referência à frase utilizada para condenar o ataque ao jornal satírico Charlie Hedbo, que provocou 12 mortos.
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«Hoje diz-se: "somos todos Charle, eu sou Charlie", mas eu, lamento, não sou Charlie. Estou sensível à morte de 12 compatriotas franceses, mas não vou defender o espírito do Charlie Hedbo, que é anarco-trotskista e dissolvente da moralidade política», afirmou Le Pen.
Numa gravação vídeo divulgada na sua página de Internet, Le Pen recordou que o semanário satírico tem sido «inimigo da Frente Nacional» e que a manifestação de homenagem às vítimas agendada para domingo foi «orquestrada pelos media».
O antigo líder do partido afirmou recordar-se de manifestações semelhantes «organizadas com a cumplicidade da comunicação social, incluindo os órgãos de direita».
A agência noticiosa France Presse indicou a realização em 1990 de uma grande marcha após a profanação de um cemitério judaico, enquanto em 2002 decorreu uma manifestação depois de Jean-Marie Le Pen ter conseguido aceder à segunda volta da eleição presidencial.
A FN não foi convidada a participar na manifestação de domingo, mas a atual líder do partido, Marine Le Pen, já garantiu que serão encontrados «outros meios para estar em comunhão com os franceses».
Marine Le Pen comentou que o ataque de quarta-feira foi cometido por fundamentalistas islâmicos, enquanto o seu pai afirmou hoje que o «fenómeno terrorista está ligado ao fenómeno da imigração em massa».