Garcia Leandro alerta para riscos, mas diz que Portugal não tem razões para alarme
O antigo presidente do Observatório de Segurança sublinha que é preciso tomar medidas na Europa, mas não vê razões para que exista medo em Portugal.
Corpo do artigo
O general Garcia Leandro sublinha que não há uma resposta fácil para uma equação complexa: "segurança, de um lado, e liberdade de movimentos e a sobrevivência das pessoas, do outro". A partir de outubro, os navios de guerra europeus vão passar a fazer buscas e apreensões relacionadas com tráfico de pessoas: "Pode ser eficaz, mas é muito difícil fazer uma separação entre aqueles que são os bons imigrantes e o que estão envolvidos em redes de tráfico".
O ex-presidente do Observatório de Segurança admite que no meio destas pessoas que fogem da guerra, podem vir outras com más intenções. António Guterres, o alto comissário das Nações Unidas para os refugiados, dizia há dias que os terroristas não vêm de barco para a Europa, arriscando a própria vida. "Concordo com ele", responde Garcia Leandro, acrescentando que "em 99% dos casos essa afirmação tem hipótese de ser verdadeira, mas basta que haja 1% dos casos que não seja, para criar problemas".
Quanto a Portugal concretamente, o general Garcia Leandro diz que não há motivos para ter medo que haja um aumento do risco de atentado. "Esta situação, tal como se apresenta, não aumentou os riscos de segurança
Podemos ser sempre vítimas de um atentado, mas de acordo com a interpreatação que eu faço da situação, não há razão para aumentar esse receio", sublinha.
E em relação à pergunta sobre se Portugal, vivendo carências económicas, tem capacidade para receber mais pessoas, responde lembrando que o número de refugiados que está previsto chegar a Portugal não é significativo: "Não me parece que seja por causa de 4 mil ou 5 mil que vai criar-nos mais dificuldades".
Olhando numa perspetiva mais alargada, o antigo director do Instituto de Defesa Nacional, sublinha que esta é uma situação que "não tem antecedentes na história mundial" e que é preciso "tomar medidas". A resposta deve envolver também os EUA e as Nações Unidas. Garcia Leandro sublinha que para já o fluxo migratório é reduzido, mas tem que haver "algum controlo", sob pena de um dia mais tarde "não ter limites".