O copiloto do avião que se despenhou nos Alpes tinha medo de ficar cego e estava a ser seguido por vários clínicos. Alguns consideravam que ele não devia pilotar mas não falaram devido ao sigilo médico.
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A revelação foi feita em conferência de imprensa em Paris pelo procurador Brice Robin: o copiloto Lubitz estava a ser medicado com anti-depressivos e foi visto por sete médicos durante o mês que antecedeu a queda do avião da GermanWings. Nesse mês o alemão que se fechou dentro do cockpit e lançou a aeronave sobre os Alpes foi visto por um psicanalista três vezes.
Em cinco anos Lubitz teve consultas com 41 médicos. A investigação que está a decorrer concluiu que vários clínicos pensaram que ele não estava em condições para comandar um avião, mas as regras de sigilo médico impediram-nos de informar a GermanWings. Na Alemanha, um médico que quebrar o dever de sigilo pode incorrer numa pena de prisão, a menos que existam provas que o paciente se prepara para cometer um crime sério ou suicídio.
Segundo o procurador, aquilo que levou o piloto alemão tantas vezes ao médico foi o medo de ficar cego. Os médicos contam que Lubitz via as 30% mais escuras do que o normal e às vezes via clarões e flashes brancos. Os clínicos foram incapazes de determinar se esta condição era psicossomática, ou seja, se o medo do paciente em ficar cego é que estaria a provocar os clarões e a perda de visão.
Até agora a investigação ao que aconteceu no voo da GermanWings já estabeleceu que Andreas Lubitz, de 27 anos, conseguiu fechar-se sozinho no cockpit do avião e provocou a queda da aeronave nos Alpes franceses. Todas as 150 pessoas que estavam a bordo morreram.