
Muhyiddin Yassin tinha adiado as eleições por vários meses, ao impor o estado de emergência, devido à pandemia
AFP
A demissão do primeiro-ministro, que tem de ser aceite pelo chefe de Estado, implica a dissolução automática do Governo e, se nenhum candidato conseguir obter uma maioria parlamentar, poderá levar a eleições antecipadas.
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O Governo da Malásia, liderado pelo primeiro-ministro, Muhyiddin Yassin, apresentou esta segunda-feira a demissão ao rei, indicou um ministro, abrindo um novo período de instabilidade política no país, a braços com um novo surto de Covid-10.
"O Governo apresentou a demissão ao rei", escreveu o ministro da Ciência, Khairy Jamaluddin, na rede social Instagram.
O primeiro-ministro malaio chegou ao poder em março de 2020, sem eleições, liderando um Governo de coligação, após a queda do Executivo de Mahathir Mohamad.
Muhyiddin Yassin tinha adiado as eleições por vários meses, ao impor o estado de emergência, devido à pandemia.
O chefe do Executivo, de 74 anos, tentou novamente, na sexta-feira, manter-se no poder, pedindo o apoio dos políticos da oposição em troca da adoção de várias reformas.
Depois de não ter conquistado o apoio dos parlamentares, realizou esta segunda-feira a sua última reunião com membros do Executivo, antes de se dirigir ao palácio para apresentar a sua demissão ao monarca malaio.
A demissão do primeiro-ministro, que tem de ser aceite pelo chefe de Estado, implica a dissolução automática do Governo e, se nenhum candidato conseguir obter uma maioria parlamentar, poderá levar a eleições antecipadas.
O dirigente planeia falar à nação esta tarde, numa mensagem televisiva.
Apesar de ter sido primeiro-ministro durante pouco mais de um ano, Muhyiddin demonstrou ser um verdadeiro sobrevivente e, em várias ocasiões, conseguiu manter-se no poder, face aos numerosos desafios da oposição.
No entanto, Muhyiddin não conseguiu evitar o último desafio, quando no final de julho o Parlamento realizou as primeiras sessões do ano, após o encerramento, devido à pandemia, e concordou em realizar uma moção de censura contra o seu Governo, em setembro.
Nas últimas semanas, o líder e os seus correligionários procuraram, sem sucesso, reunir o apoio de pelo menos 111 legisladores, o que lhes permitiria manter uma maioria simples no parlamento.
Segundo os cálculos dos analistas políticos, o atual primeiro-ministro teria apenas o apoio de cem deputados, não havendo até agora nenhum potencial sucessor com apoio maioritário.
A crise política da Malásia surge numa altura em que o país enfrenta a pior vaga de Covid-19 desde o início da pandemia, tendo chegado a ultrapassar os 21.500 casos diários e 350 mortes por dia.
A 29 de julho, o rei Abdullah desautorizou publicamente o Governo, mantendo o decreto de emergência contra a pandemia, que Muhyiddin deveria levantar a partir de 1 de agosto.
Com uma população de 32 milhões, a Malásia diagnosticou mais de 1,4 milhões de pessoas infetadas pela Covid-19 desde o início da pandemia e 12.510 mortes.
A Covid-19 provocou pelo menos 4.353.003 mortes em todo o mundo, entre mais de 206,7 milhões de infeções pelo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil ou Peru.
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