O comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros disse hoje que o chamado Grupo de Bruxelas está a «trabalhar dia e noite» para conseguir um acordo quanto às medidas que a Grécia tem de aplicar para receber ajuda financeira.
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«Estamos todos conscientes de que o tempo é limitado, estamos todos a trabalhar noite e dia para que consigamos ter êxito», disse o comissário Pierre Moscovici, hoje, em Bruxelas, admitindo no entanto que o processo «não é fácil».
Desde sexta-feira que o agora chamado Grupo de Bruxelas - Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e ainda Mecanismo Europeu de Estabilidade - está em discussões com o Governo liderado por Alexis Tsipras para acordar uma lista de reformas a executar no país, o que permitirá desbloquear o impasse com os parceiros europeus e a respetiva ajuda financeira.
Moscovici, que hoje esteve a ser ouvido na Comissão especial do Parlamento Europeu para averiguar as chamadas práticas fiscais agressivas dos Estados-membros, admitiu que o tempo é apertado até porque há compromissos financeiros que se aproximam.
«Estamos a trabalhar com um bom estado de ânimo, mas não é simples, não é fácil. Há equipas que estão a pé dia e noite. E quando eu digo dia e noite é mesmo dia e noite. Todos os dias e todas as noites, incluindo sábado e domingo», insistiu perante os deputados.
Segundo o comissário francês, o pacote de reformas visa responder à vontade dos eleitores gregos e ao mesmo tempo garantir que a Grécia respeita «plenamente» os compromissos assumidos com os credores.
Desde sábado que o Grupo de Bruxelas e Grécia estão em negociações com base num esboço dessa lista enviado por Atenas na sexta-feira e que, segundo as informações divulgadas pela imprensa, propõe medidas que - prevê o Governo grego - deverão resultar num aumento das receitas, de cerca de 3.000 milhões de euros, num excedente orçamental primário - sem pagamento de juros - de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB), abaixo dos 3% acordados com o anterior Governo, e num crescimento económico de 1,4% do PIB este ano.
No entanto, as discussões continuam difíceis, com fortes divergências entre os dois lados. O Governo diz que vai melhorar as contas públicas sobretudo pela luta contra a evasão fiscal e não quer aumentar impostos, como o IVA (impostos sobre o consumo), ou fazer cortes nas pensões e salários. Já os credores querem medidas mais detalhadas e mesmo mais duras, como cortes na despesa.