O alto comissário da ONU para os Refugiados elogia a forma como a sociedade civil portuguesa está a lidar com a crise dos refugiados na Europa.
Corpo do artigo
Guterres gostou do que viu e disse "estou impressionado". O antigo primeiro-ministro esteve este fim-de-semana em Portugal e em Bruxelas comentou que viu "a mobilização da sociedade civil. Foi criada uma plataforma envolvendo umas dezenas de entidades, desde a conferência de bispos, até às organizações não governamentais mais relevantes, como a Cáritas, passando por autarquias e associações para criarem uma plataforma de apoio aos refugiados, com a finalidade de se assegurarem que as condições de integração na sociedade portuguesa".
"Pode não ser a metodologia ideal, mas é razoável", comentou o alto comissário da ONU para os Refugiados, numa conferência de imprensa em Bruxelas, em relação à necessidade de os países fazerem uma "integração efetiva" de refugiados.
Nas propostas de Bruxelas, Portugal deverá receber cerca de cinco mil pessoas e, ainda sobre o que viu, Guterres afirma que "claro que em Portugal estamos a lidar com um número pequeno [de refugiados]. E, tenho a certeza que Portugal não será o destino preferido para a maioria. Mas, mais do que nunca, é a obrigação de todos os Estados-membros de fazerem tudo o possível para que dar verdadeiramente as boas-vindas em termos de integração. Isso será, na nossa opinião uma condição essencial para o sucesso da repartição".
O dirigente das Nações Unidas insistiu na necessidade de dar atenção à Sérvia, que está a receber milhares de pessoas diariamente, "sem capacidade de absorção e sem ser um país rico", o que pode levar o país a uma "situação impossível".
Caso não se tomem medidas de ajuda à Sérvia, "criam-se oportunidades para contrabandistas" para levarem os refugiados por novas rotas europeias.
"Queremos soluções sustentáveis", argumentou António Guterres reafirmando a sua sugestão de um "plano B" depois da falta de unanimidade, no conselho extraordinário de segunda-feira, entre os ministros do Interior europeus para a recolocação de mais 120 mil refugiados.
"Um plano B é necessário", resumiu o responsável, notando haver países voluntários para receber pessoas, pelo que a recolocação deve aumentar assim que os mecanismos para receber pessoas estejam operacionais.
Guterres quer que as "pessoas possam ser bem recebidas" imediatamente na Grécia e na Itália e que daí se faça a recolocação, ressalvando estar também a apelar aos países do Golfo Pérsico e à América do Norte para receberem refugiados.