"Há risco de a lama secar e ser impossível localizar os corpos." A angústia de quem procura os familiares
Número de vítimas mortais da tragédia de Brumadinho subiu para 65. Há pelo menos 290 pessoas desaparecidas.
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Quase 300 pessoas continuam desaparecidas em Brumadinho, uma cidade do estado brasileiro de Minas Gerais, onde na sexta-feira uma barragem colapsou.
Até ao momento, de acordo com o último balanço, estão confirmadas 65 vítimas mortais, numa altura em que as equipas de resgate continuam à procura de sobreviventes.
O colapso da barragem provocou uma espécie de tsunami de barro que se estendeu por vários quilómetros, levando tudo à frente.
Entrevistado esta segunda-feira pela TSF, Valdir Castro de Oliveira, Professor de Jornalismo da Universidade de Minas Gerais, explica que a população de Brumadinho tem acompanhado as operações de resgate "com muita angústia e apreensão."
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"As pessoas estão altamente angustiadas porque não têm informações dos seus familiares (...). Estão também apreensivas porque há o risco de a lama secar e depois ser impossível localizar os corpos", contou Valdir Castro de Oliveira.
Os últimos dias têm sido marcados pela instabilidade meteorológica. As operações estiveram interrompidas por causa da chuva, mas o sol e o calor voltaram em força, o que cria o receio na população, que teme que não sejam encontrados os corpos dos familiares.
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O docente de Jornalismo revelou ainda que estava na cidade de Brumadinho quando a tragédia aconteceu e lamenta o desaparecimento de alguns familiares. "Tentei ligar aos meus sobrinhos e eles já não retornaram as ligações", recordou, questionando o facto de o sistema de alarme não ter funcionado, quando a barragem rebentou. "Esse sistema de alarme não funcionou", disse.
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Segundo o último balanço, apenas 19 das vítimas mortais foram identificadas até ao momento, havendo ainda 292 desaparecidos, 192 resgatados, 382 localizados e 135 pessoas desabrigadas.
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