«Sexta-feira de Raiva» fez pelo menos 50 mortos no Cairo. Número total de vítimas ainda por confirmar.
Corpo do artigo
A Irmandade Muçulmana pediu hoje o fim dos confrontos no Egito tendo contudo instado os apoiantes do deposto Presidente Mohamed Morsi a manifestarem-se diariamente e de forma «pacífica» a partir de sábado.
Citado pela agência France Presse, Gehad al-Haddad, porta-voz da Irmandade alertou contudo que «haverá manifestações contra o golpe todos os dias» a partir de sábado, repetindo o apelo que já fizera aos seus apoiantes durante o dia de hoje, e que teve por objetivo defender a «legitimidade das eleições» de 2011 e denunciar o «massacre de mais de 600 pessoas», vítimas dos confrontos com a polícia nos últimos três dias.
Durante o dia, a capital Cairo foi palco de novos confrontos entre as forças do exército e os manifestantes pró-Morsi, havendo relatos de civis armados com armas automáticas.
Helicópteros do exército sobrevoaram os apoiantes de Morsi presentes na na Praça Ramses, palco da maioria dos confrontos verificados esta sexta-feira. Ao final do dia, fumo negro saía de um edificio em chamas.
O número de vítimas dos confrontos desta sexta-feira ainda está por determinar. A quantidadede vítimas mortais varia conforme a fonte. A BBC fala em seis dezenas, a Al Jazeera em quase uma centena, a agência France Press aponta para 75.
A agência Reuters adianta que mais de 40 pessoas também perderma a vida em confrontos noutras cidades egípcias, elevando o número total de mortos para 100.
Testemunhas citadas pela agência Reuters dão conta da existência de 27 corpos, aparentemente atingidos por balas, envoltos em lençois e colocados numa mesquita no Cairo. Um fotógrafo da agência noticiosa adianta que as forças militares abriram fogo em várias direções quando uma esquadra de polícia foi atacada.
Às 19h00 locais entrou em vigor o recolher obrigatório imposto pelo governo interino, mas os relatos das testemunhas dão conta que há manifestantes que desafiaram essa directiva permanecendo nas ruas.
Em resposta, o exército avisou que quem não obedecer vai sofrer as consequências. Na capital há bloqueios militares e pontos de controlo em vários locais.
Adianta a Reuters que, a par da violência nas ruas, a televisão estatal endureceu a retórica contra a Irmandade Muçulmana, apoiante do presidente deposto Morsi, usando linguagem habitualmente utilizada para descrever grupos como a al-Qaida e sugerindo que não há muita esperança de uma resolução política para a crise instaurada.
Entretanto, pelo menos 262 pessoas foram detidas durante esta sexta-feira por alegadamente estarem implicadas nos atos de violência registados no Egito, indicaram fontes das autoridades policiais egípcias, que acrescentaram que entre os presos há um afegão e um sírio.
De acordo com a agência Mena, os detidos estão a ser investigados pelas autoridades, tendo a polícia apreendido 16 armas de fogo e sete granadas de produção caseira.