A relatora especial da ONU sobre a situação dos direitos humanos nos territórios palestinianos diz à TSF que os civis estão a ser punidos pelos crimes do Hamas.
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Numa conferência de imprensa, esta tarde, nas Nações Unidas, Francesca Albanese falou, no entanto, em crimes de guerra praticados tanto pelo Hamas como pelo Estado de Israel e que têm de ser investigados e punidos.
A jurista italiana, que ocupa o cargo desde o ano passado, diz que não se pode defender ou atacar um lado, ou outro. Nem o Governo israelita, nem os homens do Hamas têm as mãos limpas e devem ser responsabilizados.
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"Os ataques indiscriminados dos militantes do Hamas contra civis israelitas, matando cerca de 1400 pessoas, ferindo muitas mais e ainda levando reféns são crimes de guerra e devem ser julgados. Também a ação de Israel, usando a ajuda humanitária como arma de guerra e expondo os civis ao risco de morte, constitui crimes de guerra e o mundo pode mesmo estar perante crimes contra a humanidade", alerta, em declarações à TSF.
A relatora especial da ONU adiantou ainda que o bombardeamento indiscriminado de Gaza por parte de Israel já matou cerca de cinco mil e 700 palestinianos, 40% eram crianças. A jurista italiana defendeu, por isso, que não se pode olhar para os acontecimentos de dia 7 sem ter em conta o passado.
Francesca Albanese explica que criticar Israel não significa justificar as atrocidades praticadas pelo Hamas.
"Como o secretário-geral da ONU [António Guterres] disse ontem [terça-feira], os ataques no início do mês não aconteceram no vazio, mas no contexto de 56 anos de uma ocupação sufocante que Israel impôs aos palestinianos", afirma.
"Esta ocupação viola a lei internacional. A construção de colonatos confiscando terras e brutalizando a população é só por si é um crime de guerra", acrescenta Albanese.
Albanese referiu também que gostava de ouvir os israelitas afetados pela violência, mas os Governos do país, até hoje, não deram vistos aos relatores independentes.