Jornalista angolano lamenta degradação das condições: "50 anos depois não temos a Angola que desejávamos"

Ampe Rogério/Lusa
O jornalista Onélio Santiago pede ao governo mais vontade para resolver os "muitos" problemas de Angola. O angolano sublinha que, em comparação com a última década, a situação do país tem piorado e define a educação como uma das principais prioridades
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"É uma conquista a valorizar, mas se me perguntarem se nós, angolanos, principalmente os políticos e governantes, estão a fazer um bom uso da independência, diria que não, temos muitas coisas a melhorar." É desta forma que Onélio Santiago, jornalista angolano, olha para os 50 anos de independência do país.
Ouvido pela TSF, Onélio Santiago defende que o governo tem falhado em área essenciais como a educação ou o emprego.
"Em 1975, antes da independência, tínhamos 85% da população analfabeta, mas o último censo conhecido, de 2014, mostra que a taxa de alfabetização está nos 66%, ou seja, um terço da população ainda era analfabeta. Este é um número que nos deve preocupar. A taxa de desemprego no último censo de 2014 estava fixada em 24%, e é dado certo que o país se deteriorou de 2014 até agora, as condições pioraram, a pandemia veio agravar ainda mais os problemas que já tínhamos", explica.
Na próxima semana serão divulgados os dados do censo realizado no ano passado.
"Nós estamos muito longe do país que desejamos ter e a culpa tem de ser jogada em quem governa", conclui o jornalista, que se mostra sem esperança num futuro melhor.
"Nos próximos 50 anos, não consigo encontrar argumentos práticos que me possam fazer pensar que a coisa vai correr bem, porque a Angola agora tem o desafio de resolver problema de três, quatro gerações", argumenta.
Quanto às prioridades para o futuro do país, para Onélio Santiago a resposta é simples: "Quando se está no fundo do poço, não é muito difícil melhorar porque qualquer passo que a gente der é sempre para cima".