Voo com 52% de infetados. Itália passa a exigir testes Covid a viajantes da China
Em 2020, a região da Lombardia, da qual faz parte Milão, foi a primeira na Europa a entrar em confinamento para combater a pandemia e acabou por adiantar-se às autoridades do próprio país, detetando casos no aeroporto de Malpensa.
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O ministro da Saúde de Itália, Orazio Schillaci, tornou obrigatório o teste à Covid-19 para os viajantes oriundos da China, país que enfrenta por esta altura uma forte vaga de casos, adianta o jornal La Repubblica. Antes, já a região da Lombardia se antecipara ao introduzir a medida, chegando a detetar um voo em que 52% dos passageiros acabaram por testar positivo.
Ao revelar os dados sobre os infetados depois dos testes conduzidos no aeroporto internacional de Malpensa, em Milão, o secretário regional de Saúde da Lombardia, Guido Bertolaso, lamentou que as autoridades chinesas "não estejam a dizer nada, o que contradiz os números" que têm vindo a público.
No dia 26 de dezembro, foram testados os passageiros de dois voos: "No primeiro, 35 de 92 passageiros (38%) estavam positivos. No segundo, 62 de 120 (52%) estavam positivos."
Em Itália, a saúde é uma área de competência das autoridades regionais, e cada uma delas pode, portanto, tomar medidas diferentes. A região da Lombardia foi a primeira a decidir "submeter a teste molecular (...) todos os viajantes e tripulantes provenientes da China", anunciou o Ministério dos Negócios Estrangeiros italiano num site dedicado a viajantes.
Em 2020, esta foi a primeira região da Europa a entrar em confinamento para conter a pandemia do novo coronavírus responsável pela Covid-19 e vive ainda com o trauma pelo choque da primeira vaga de casos, altamente mortal.
A medida acabou por ser, entretanto, alargada a todo o país pelo ministro da Saúde, Orazio Schillaci, que decretou a obrigatoriedade de testes à Covid-19 e da sequenciação do vírus "para todos os passageiros oriundos da China e que estejam em trânsito em Itália".
Esta medida, escreve o responsável, "é essencial para garantir a vigilância e identificação de qualquer variante do vírus, de forma a proteger a população italiana".
França também estuda
França também anunciou que está "pronta" para "estudar todas as medidas úteis" e que está a "acompanhar com muito cuidado a evolução da situação na China", face a uma explosão de casos de Covid-19.
"O Ministério da Saúde e Prevenção está a acompanhar de perto os desenvolvimentos na China" e "pronto para estudar todas as medidas úteis que possam ser implementadas, em conjunto com os parceiros europeus, e dentro do quadro legal que existe hoje", segundo uma resposta dada à agência France-Presse (AFP).
França deixou de exigir qualquer formalidade adicional relacionadas com a Covid-19 para entrar no país, mas o texto que levantou as restrições prevê que o Governo pode impor, até 31 de janeiro, a apresentação de um teste negativo aos maiores de 12 anos "em caso de aparecer e circular uma nova variante suscetível de constituir uma grave ameaça para a saúde".
O Japão também anunciou hoje que vai restabelecer os testes obrigatórios para viajantes oriundos da China continental a partir desta sexta-feira.
A ilha de Taiwan, que a China afirma como parte do seu território, também anunciou que vai realizar controlos em viajantes que cheguem do território continental chinês
O fim abrupto da política chinesa de "zero Covid" está a suscitar preocupações em vários países, incluindo os Estados Unidos, que estão a considerar restrições de entrada aos viajantes chineses, uma vez que a China enfrenta atualmente a maior vaga de infeções do mundo, amplificada pelo aparecimento de novas variantes.
As autoridades chinesas puseram termo à maioria das medidas contra a Covid-19 sem aviso prévio em 7 de dezembro, no meio de crescente exasperação pública e de enorme impacto na economia após três anos de restrições.
A falta de transparência em relação ao número de contágios, que as autoridades deixaram de publicar diariamente e dizem ser difícil de contabilizar já que os testes deixaram de ser obrigatórios, causa também apreensão.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já se manifestou, na semana passada, "seriamente preocupada" com a vaga de novos casos de Covid-19 na China, e pediu a Pequim maior transparência para poder enfrentar futuras pandemias.
A Covid-19 é uma doença respiratória infecciosa causada pelo SARS-CoV-2, detetado em finais de 2019 na China e que se disseminou rapidamente pelo mundo.