Na COP27, no Egito, o Presidente eleito do Brasil abordou o "significado" e a "importância" que a Amazónia tem para o planeta Terra.
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O Presidente eleito do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, anunciou esta quarta-feira o seu desejo de organizar a conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU) COP30, em 2025, na Amazónia brasileira.
"Vamos conversar com o secretário-geral da ONU e pedir que ele leve a COP30 para a Amazónia", disse Lula da Silva, num evento organizado num espaço dedicado aos governos regionais da Amazónia brasileira em Sharm el-Sheikh, no Egito, onde acontece a COP27.
"Se a Amazónia tem o significado que tem para o planeta Terra, se tem a importância que todos vocês dizem que tem, que todos os cientistas dizem que tem, nós não temos de medir esforços para afirmar que uma árvore em pé vale mais do que uma árvore derrubada", acrescentou.
O líder progressista tomará posse no dia 1 de janeiro de 2023 e faz a sua primeira viagem ao exterior desde a sua eleição no final de outubro para participar na COP27, que termina na sexta-feira.
O Brasil já havia sido proposto sediar a COP25, em 2019, mas a eleição do atual Presidente, Jair Bolsonaro, fez o país desistir de ser sede do fórum naquele ano.
"O Brasil está de volta ao mundo", afirmou Lula da Silva nas suas redes sociais, ao chegar no Egito, sem fazer alusão direta a Bolsonaro, seu rival nas últimas eleições, que tem sido alvo de críticas pela falta de políticas claras em defesa do meio ambiente e contra as mudanças climáticas.
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No discurso que fez esta tarde, Luís Inácio Lula da Silva defendeu que a luta contra o aquecimento global "é indissociável da luta contra a pobreza e por um mundo menos desigual e mais justo".
O futuro Presidente brasileiro também lembrou que não existem dois planetas Terra, todas as pessoas fazem parte da humanidade: "Não haverá futuro enquanto continuarmos escavando um poço sem fundo de desigualdades entre ricos e pobres."
Lendo um discurso escrito, o líder brasileiro frisou que o convite que lhe foi enviado antes de tomar posse indica "que o mundo tem pressa de ver o Brasil participando novamente das discussões sobre o futuro do planeta e de todos os seres que nele habitam."
Lula da Silva afirmou que o planeta tem alertado a humanidade de que precisamos uns dos outros para sobreviver. Sozinhos, os países estão suscetíveis à tragédia climática, mas esses alertas estão a ser ignorados, salientou.
"Vivemos um momento de crises múltiplas - crescentes tensões geopolíticas, À volta do risco da guerra nuclear, crise de abastecimento de alimentos e energia, erosão da biodiversidade, aumento intolerável das desigualdades (...) Precisamos de mais liderança para reverter a escalada do aquecimento. Os acordos já finalizados têm que sair do papel", salientou.
O futuro Presidente brasileiro também pediu recursos para que os países em desenvolvimento, em especial os mais pobres, possam enfrentar as consequências das mudanças climáticas causadas, em grande medida, pelos países mais ricos, que atingem de maneira desproporcional os mais vulneráveis.
Falando brevemente sobre questões internas, Lula da Silva disse que o Brasil acaba de passar por uma das eleições mais decisivas da sua história, frisando que, do resultado do sufrágio "dependia não apenas a paz e o bem-estar do povo brasileiro, mas também a sobrevivência da Amazónia e, portanto, do nosso planeta."
Lembrando indicadores obtidos nos seus dois primeiros Governos (2003 e 2010), Lula da Silva disse que o Brasil já mostrou ao mundo o caminho para derrotar o desflorestamento e o aquecimento global porque, entre 2004 e 2012, reduziu a taxa de devastação da Amazónia em 83% enquanto o Produto Interno Bruto gerado pelo setor agropecuário do país cresceu 75%.
"Infelizmente, desde 2019, o Brasil enfrenta um Governo desastroso em todos os sentidos - no combate ao desemprego e às desigualdades, na luta contra a pobreza e a fome, no descaso com uma pandemia que matou 700 mil brasileiros, no desrespeito aos direitos humanos, na sua política externa que isolou o país do resto do mundo, e também na devastação do meio ambiente, disse.
"Quero dizer que o Brasil está de volta. Está de volta para reatar os laços com o mundo e ajudar novamente a combater a fome no mundo", concluiu.