Resultados finais foram conhecidos de madrugada. Parlamento alemão terá seis forças, ao invés das anteriores quatro.
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A chanceler alemã Angela Merkel venceu um quarto mandato no domingo, mas terá de se coligar, após uma votação mais reduzida na União Democrata-Cristã (CDU), indicam esta segunda-feira os resultados finais.
De acordo com os resultados finais divulgados antes das 04h00 (03h00 em Lisboa), a CDU de Merkel e a aliada União Social-Cristã (CSU) da Baviera conquistaram 33% dos votos, menos que os 41,5% conseguidos há quatro anos. Este foi um dos resultados mais fracos da aliança no pós-guerra.
O Partido Social-Democrata (SPD), de Martin Schulz, ficou atrás, com 20,5%, abaixo dos 25,7% conseguidos em 2013, também o pior resultado do pós-guerra.
Em terceiro lugar ficou a Alternativa para a Alemanha (AfD), nacionalista e anti-imigração, que entra pela primeira vez no parlamento alemão (Bundestag), tendo conquistado 12,6% dos votos.
O Partido Liberal (FDP), que volta ao parlamento após uma pausa de quatro anos, conseguiu 10,7% dos votos. Os liberais foram parceiros de coligação de Merkel no segundo mandato, de 2009 a 2013, mas perderam todos os assentos há quatro anos.
O partido Die Linke (A Esquerda) conseguiu 9,2%, ligeiramente acima de os Verdes, com 8,9%, completando um parlamento com seis forças, ao invés das anteriores quatro.
A AfD, com apenas quatro anos, centrou a campanha nas críticas a Merkel e à decisão de, em 2015, autorizar a entrada de um elevado número de migrantes na Alemanha. Uma das líderes do partido Alice Weidel disse que irá envolver-se numa "oposição construtiva", mas o co-líder Alexander Gauland foi mais severo, prometendo "recuperar o país" e "perseguir" Merkel.
O antigo presidente do Parlamento Europeu e líder do SPD Martin Schulz admitiu que o partido sofreu uma "esmagadora derrota eleitoral" e afirmou que irá deixar a coligação de Merkel e posicionar-se na oposição.
Apesar de um resultado menos robusto, que obriga a novas coligações, Merkel garantiu estabilidade. "Temos um mandato para formar um novo Governo, e nenhum Governo pode ser formado contra nós", disse a chanceler, indicando que os últimos quatro anos foram "extremamente desafiantes".
Sublinhando que se "vivem tempos tempestuosos" internacionalmente, a chefe do governo alemão manifestou "a intenção de intenção [estabelecer] um governo estável na Alemanha", esperando um desfecho positivo até ao Natal.
Merkel comprometeu-se a realizar uma "análise profunda" dos resultados. "Queremos reconquistar os eleitores da AfD, resolver problemas, tendo em consideração as suas preocupações e receios e, acima de tudo, com boas políticas".
Todos os partidos tradicionais excluíram a possibilidade de trabalhar com a AfD e os conservadores de Merkel não vão formar coligação com o Die Linke.
Com os sociais-democratas a prometer entrar para a oposição, sobra apenas uma possibilidade de governo: uma combinação de conservadores, liberais e verdes.
Esta aliança é conhecida como "Jamaica" porque as cores dos partidos são semelhantes à bandeira do país das Caraíbas.
A AfD é o primeiro partido à direita dos conservadores a entrar no parlamento em 60 anos.