Metade dos pedidos de ajuda alimentar em França são de jovens com menos de 25 anos
A 39.ª campanha de ajuda alimentar de inverno da associação Restos du Cœur, arrancou esta terça-feira. Face à inflação e ao aumento dos pedidos, a maior associação de ajuda alimentar francesa começa pela primeira vez a restringir o número de pedidos.
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A associação francesa Restos du Cœur começou esta terça-feira a campanha de distribuição de alimentos deste inverno. Mães solteiras, reformados, empregados com salários precários e estudantes são alguns dos perfis das pessoas que mais pedem ajuda aos Restos du Cœur.
Yves Merillon, porta-voz da associação, explica as dificuldades às quais se confronta este ano. "A crise, que trouxe muita gente ao nosso encontro, também nos afetou, porque fazemos muitas compras e a inflação afetou muito os custos da alimentação e da energia. Em três anos, o nosso orçamento para compras duplicou, o que torna esta situação verdadeiramente insustentável", descreveu.
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No ano passado, 1,1 milhões de pessoas pediram ajuda alimentar. Este ano, o número aumentou ainda mais. "Num ano, tivemos mais 200 mil pedidos de ajuda", diz Yves Merillon.
60% dos agregados familiares que pedem ajuda vivem com menos de 550 euros por mês. Pela primeira vez na história da associação, os Restos du Coeur vão recusar pedidos de ajuda.
"É extremamente difícil para as pessoas que pedem ajuda porque vamos pela primeira vez ter de recusar inscrições para ajuda alimentar. E é muito difícil para os próprios voluntários, para quem é extremamente difícil de tomar este tipo de decisões", descreve o porta-voz da associação Restos du Cœur.
A ajuda é também ela restringida: são atribuídas a partir desta terça-feira quatro refeições semanais em vez das seis do ano passado, cabazes de alimentos mais pequenos e um litro de leite em vez de dois, por exemplo.
Metade das pessoas que pedem ajuda alimentar dos Restos du Cœur têm menos de 25 anos: entre eles, 40% são menores.
"É por isso que tentamos desenvolver uma política de ajuda aos mais jovens, porque o pior que pode acontecer é que os pobres de hoje sejam os pobres de amanhã. Por isso, devemos fazer tudo para garantir que as crianças das famílias que ajudamos consigam sair da pobreza", defende Yves Merillon.
A responsável da associação em Poissy, na região parisiense Chantal Buisso, lamenta que o número de pessoas que precisam de assistência alimentar vai baixar este ano. "Vamos recusar pedidos. Neste inverno não vamos poder ajudar entre 5 e 10% das pessoas que vêm ao nosso encontro."
A associação Restos du Cœur, que assegura 35% da ajuda alimentar atribuída em França, recupera 60% das doações de alimentos entre novembro e dezembro, mas por agora, e face à inflação, é difícil prever qual vai ser a quantidade de doações dos franceses este inverno.