Pedro Sánchez lidera as intenções de voto nas legislativas espanholas, mas não assegura a maioria. Mais de 40% dos eleitores dizem-se indecisos.
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Nem as casas de apostas se atrevem a antecipar o vencedor das eleições legislativas em Espanha. O grande número de eleitores que afirmam estar ainda indecisos sobre a sua intenção de voto (cerca de 40%) leva a que seja muito difícil prever os resultados da votação de domingo.
As escolhas dos apostadores têm sido um bom barómetro, mas até aqui está tudo empatado, com probabilidades idênticas para Pedro Sánchez (PSOE) e Pablo Casado (PP), segundo o El Confidencial.
A somar ao número elevado de indecisos, a fragmentação partidária contribui para que exista mais do que uma solução para um Governo com apoio parlamentar estável em Espanha. Não é certo que quem obtenha o maior número de votos nas urnas seja mesmo quem vai o governar o país.
Nas últimas sondagens, o PSOE aparece como o partido que mais votos vai obter, com 28,6%, seguido pelo PP (20%) e Ciudadanos (16%), Unidas Podemos (12,1%) e Vox (11%).
Com estes resultados, para garantir a reeleição, o primeiro-ministro espanhol teria de fazer uma espécie de geringonça com apoio do partido de esquerda Podemos e eventualmente dos nacionalistas do País Basco.
Uma coligação de direita também pode chegar à maioria: se o PP, o Ciudadanos e o Vox decidissem unir forças podiam conseguir 45,6% dos votos.
É precisamente esse o alerta que primeiro-ministro espanhol e candidato do socialista deixa na sua última grande entrevista antes das eleições. "Há um risco real em Espanha" de a direita se unir à extrema-direita, disse Pedro Sánchez em declarações ao El País.
Foi o que aconteceu em dezembro na Andaluzia, onde o PP (direita) fez uma coligação governamental com o Ciudadanos (direita liberal) que conta com o apoio parlamentar do Vox (extrema-direita), afastando o PSOE do executivo regional que liderava há 38 anos.
A propósito dos partidos regionais independentistas catalães, que apoiaram o PSOE, mas que acabaram por ser os responsáveis pela sua queda ao contribuir para o chumbo da proposta de Orçamento do Estado para 2019, Sánchez afirma que "não são de fiar" e que "sabem que a independência não é possível".
A independência da Catalunha foi um dos 'temas quentes' da campanha e marcou o primeiro debate entre Pedro Sánchez (PSOE); Pablo Casado (PP); Albert Rivera (Ciudadanos) e Pablo Iglesias (Unidas Podemos).
O Ciudadanos, assim como o PP e o Vox, pretendem que o executivo central volte a intervir diretamente na Catalunha e acusam Sánchez de poder voltar a aceitar o apoio dos separatistas só para poder continuar a governar.
Para a direita espanhola, o PSOE é o alvo a abater, enquanto Albert Rivera, o líder do partido Ciudadanos, quer um novo "mapa político", defendendo que o tempo das duas Espanhas (PP e PSOE) já acabou. É preciso construir uma terceira Espanha.
Enquanto o 25 de Abril em Portugal inspirou o candidato do Podemos - os apoiantes de Pablo Iglesias cantaram "Grândola Vila Morena" e empunharam cravos vermelhos - O Vox defende a construção de um muro em Ceuta e Melilha, junto à fronteira com Marrocos, para impedir a entrada de mais imigrantes em território espanhol.