Está a correr bem a recolha de fundos que permitirá ao "Moas" regressar ao trabalho e salvar imigrantes e refugiados africanos.
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É o que diz em entrevista à TSF o brigadeiro Martin Xuereb, o diretor de operações da embarcação, que no ano passado, em apenas sessenta dias, resgatou perto de três mil pessoas.
O regresso do navio às aguas que separam África da Europa vai acontecer, acredita o militar na reserva, num cenário muito pior do que o do ano passado: «2015 vai ser catastrófico».
O diretor do "Moas" sustenta o pessimismo nos números do Alto Comissariado das Nações Unidas para os refugiados, que estima que só na Síria, o universo dos que vão fugir para o Líbano chegará ao meio milhão de pessoas. As perspetivas são igualmente negras na Eritreia e na Somália.
Martin Xuereb diz que é urgente reforçar os meios de busca e salvamento. Essa tem de ser uma prioridade de toda a comunidade internacional: «O que está a acontecer no mediterrâneo central não é um problema para ser resolvido pela Itália ou por Malta, ou pela União Europeia ou por toda a Europa. Isto é um problema global que requer uma resposta igualmente global».
O responsável do "Moas" elogia o que está a ser feito no Mediterrâneo no âmbito do plano "Tritão" da União Europeia. Mas sublinha que não chega, e implica opções muito amargas « quando há três barcos para socorrer e só se tem dois para acudir tem de se fazer escolhas difíceis. É preciso aumentar essa capacidade de resposta».
E é neste quadro de profunda urgência que o "Moas" espera voltar ao mar em abril, às portas do que deverá ser a época mais crítica no Mediterrâneo: «Nós queremos navegar não apenas 60 dias, mas sim seis meses. Planeamos estar no mar durante a época alta, chamemos-lhe assim, entre maio e outubro. Queremos que a nossa ajuda abrange uma área mais alargada e profunda».
Para financiar este esforço, o Moas lançou um "crowdfunding", uma campanha de recolha de donativos que até agora amealhou 70 mil euros e a promessa de ajuda de algumas empresas.
Martin Xuereb quer muito levantar a âncora do "Moas" e socorrer os que fazem do Mediterrâneo um mar de aflição: «temos de lá estar, porque ninguém merece morrer no meio do mar».