Bill Clinton foi a Charlotte dizer que Obama precisa de mais um mandato para continuar a emendar a pesada herança que recebeu de George W. Bush, que desbaratou o estado de prosperidade.
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O discurso do antigo presidente dos EUA e ex-rival de Barack Obama nas primárias democratas de 2008, era dos mais aguardados na Convenção Nacional, que decorre em Charlotte, na Carolina do Norte, e foi ovacionado do princípio ao fim, ao longo de 50 minutos que culminaram com a subida ao palco de Obama, para um abraço entre ambos.
«Nenhum presidente, nem eu nem nenhum dos meus antecessores, poderia ter reparado todos os estragos em apenas quatro anos. Mas as condições estão a melhorar», afirmou Bill Clinton, uma referência do partido em questões económicas e financeiras.
Clinton evocou a situação económica difícil herdada por Obama, que impediu maiores estragos e «estabeleceu as fundações para uma economia mais moderna, mais equilibrada», com mais emprego e inovação, defendendo em toda as linhas as políticas do presidente, desde o resgate da indústria automóvel até à reforma do sistema de saúde.
Numa altura em que o desemprego continua acima dos oito por cento, na semana passada o Departamento do Comércio norte-americano anunciou que o crescimento económico abrandou para 1,7 por cento no segundo trimestre.
Sobre o calendário da Convenção, que decorrerá entre hoje e quinta feira em Charlotte, no Estado da Carolina do Norte, pesa a divulgação de dois indicadores estatísticos: os pedidos semanais de subsídio de desemprego, na quinta-feira, e, na sexta-feira, um relatório oficial sobre a situação de emprego no país.
«Estamos hoje onde queremos estar? Não. O presidente está satisfeito? Claro que não. Mas estamos melhor do que quando chegou à presidência? Claro que sim», disse Clinton, frequentemente improvisando sobre o discurso preparado.
Enquanto os republicanos vêm perguntando insistentemente aos eleitores indecisos se «estão melhores do que em 2008», quando Obama foi eleito sob o signo da "mudança" e "esperança", Clinton contrapôs hoje que a questão mais importante é «em que tipo de país quer viver».
«Se quer uma sociedade em que cada um está por sua conta e em que o vencedor fica com tudo, deve apoiar a candidatura republicana», disse.
«Se quer um país de prosperidade e responsabilidade partilhadas, uma sociedade em que estamos todos juntos, deve votar em Barack Obama e [no vice-presidente] Joe Biden», reforçou Clinton.
O antigo presidente deixou também duras críticas ao adversário de Obama, nomeado na semana passada candidato republicano, dizendo nomeadamente que as suas propostas levariam à falência do plano de cuidados de saúde para a terceira idade (Medicare) em 2016.
Num estádio em Charlotte, com capacidade para 74 mil pessoas, onde decorrerá a Convenção, o ponto alto será a intervenção de Obama, na noite de quinta-feira, momento em que dezenas de milhões de norte-americanos estarão em frente ao ecrã.
A intervenção de Obama será antecedida pelas do vice-presidente, Joe Biden, e do senador John Kerry, que deverá evocar sucessos de política externa e segurança no primeiro mandato.