Os Estados Unidos, França e Reino Unido culparam a Rússia da deterioração vivida nos últimos dias no leste da Ucrânia e advertiram que vão endurecer as sanções impostas se a crise continuar a agravar-se.
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Num debate no Conselho de Segurança da ONU, na terça-feira, as potências ocidentais acusaram Moscovo de violar o acordo que assinou no passado dia 17 de abril em Genebra com a Ucrânia, União Europeia e Estados Unidos.
«Esse foi um momento de esperança. Desde então o Governo da Ucrânia implementou os compromissos de boa-fé, mas lamentavelmente o mesmo não se pode dizer da Federação Russa», disse a embaixadora norte-americana, Samantha Power.
A representante de Washington acusou Moscovo de ignorar o acordo de Genebra e de continuar a apoiar as milícias pró-russas que tomaram edifícios públicos no leste do país e protagonizaram episódios violentos.
Power garantiu que o que está a acontecer não são manifestações pacíficas, mas sim «uma campanha bem organizada e com apoio exterior para desestabilizar a Ucrânia».
Moscovo, entretanto, culpou o Governo de Kiev pela situação e justificou os «protestos» em várias cidades do país com a importante presença pró-russa.
«O regime de Kiev está a empurrar o país para o desastre», disse o embaixador russo, Vitaly Churkin, que acusou as autoridades ucranianas de violarem o acordado em Genebra e o Ocidente de lançar «insinuações graves contra a Rússia».
O encontro do Conselho de Segurança foi convocado a pedido do Reino Unido, cujo embaixador, Mark Lyall Grant, acusou o Governo de Vladimir Putin de dirigir as «ações paramilitares» registadas em várias cidades orientais e denunciou incursões no espaço aéreo ucraniano de caças e helicópteros russos.
Entretanto, o Fundo Monetário Internacional defendeu esta manhã que as sanções impostas à Rússia pela União Europeia e pelos Estados Unidos vão traduzir-se numa pesada fatura para a economia daquele país.
O FMI reviu hoje a previsão de crescimento para este ano da economia russa de 1,3% para 0,2%. Para além da reação internacional à intromissão de Moscovo na Ucrânia, o FMI assinala outros perigos: o aumento da inflação e uma saída de capitais do país que até ao final do ano pode chegar a 100 mil milhões de dólares.