O Programa Alimentar Mundial (PAM) voltou a alertar para o cenário de extrema gravidade que existe na região do Corno de África. À TSF, uma porta-voz descreveu uma «situação desesperada».
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Susannah Nicol, porta-voz da ONU no Quénia, disse este sábado à TSF que a situação se agrava a cada dia, agora que duas regiões do Sul da Somália controladas pelas milícias islâmicas foram adicionadas ao mapa da fome.
«A situação é na verdade muito grave. A ONU decretou formalmente o estado de fome em duas regiões do sul (Bakool e Lower Shabelle). Estima-se agora que o número de pessoas que necessitam de ajuda humanitária na Somália ronde os 3,7 milhões», disse.
Susannah Nicol acrescentou que desse valor 2,2 milhões estão no sul «em algumas regiões inacessíveis para as organizações humanitárias».
«Naturalmente a seca é a principal culpada, mas o preço alto dos alimentos e dos combustíveis também agravou o problema», acrescentou.
O Programa Alimentar Mundial na região estima em mais de 1,5 milhões o número de pessoas a morrer à fome dos cerca de quatro milhões que necessitam de ajuda humanitária.
O PAM alimenta 300 mil pessoas diariamente, sendo que a maioria deles recebe suplementos. As crianças comem uma dose diária de um alimento à base de amendoim e a comida quente chega a apenas 85 mil pessoas.
Ninguém precisa de se registar como noutros campos, não há tempo para burocracias para os refugiados que chegam ao Quénia vindos da Somália.
«Quando as pessoas são obrigadas a deslocar-se ficam ainda mais fracas. Milhares atravessam a fronteira a Sul para entrar no Quénia e muitos têm de abandonar as crianças pelo caminho pois pensam que as crianças não vão aguentar», disse a porta-voz da ONU, que falou numa «situação desesperada».
No Quénia, as autoridades querem organizar uma conferência sobre a fome no Corno de África, mas a comunidade internacional parece andar distraída.
O próprio presidente norte-americano, Barack Obama, reconheceu este sábado que a fome não tem recebido atenção suficiente.
Nos próximos dias, a agência alimentar prevê levar a cabo mais voos para Mogadíscio, bem como para as imediações do campo de refugiados de Dolo Ado, no sudoeste da Etiópia, e rumo à Wajir, capital da província do nordeste do Quénia (na fronteira com a Etiópia e a Somália), uma das zonas quenianas mais afectadas pela seca.