A violência que abalou Jerusalém Oriental espalhou-se no sábado a meia dúzia de cidades árabes em Israel.
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A polícia israelita fez dezenas de detenções durante a noite, na sequência de violentos protestos ocorridos em várias cidades de Israel contra o assassinato de um adolescente palestiniano por alegados extremistas judeus.
Os militares realizaram, entretanto, 10 ataques aéreos em Gaza em resposta aos persistentes lançamentos de "rockets" contra o sul de Israel, desvanecendo-se assim a esperança de uma trégua renovada com o movimento islamita Hamas.
A violência que abalou Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel, durante quatro dias, após o sequestro e assassinato de um adolescente palestiniano na quarta-feira, espalhou-se no sábado a meia dúzia de cidades árabes em Israel.
Os primeiros resultados da autópsia indicam que o adolescente palestiniano, de 16 anos - assassinado alegadamente em represália pelos homicídios de três jovens israelitas -, foi queimado vivo depois de ser sequestrado.
Das 35 detenções, 22 foram feitas no norte de Nazaré, a cidade árabe mais populosa de Israel, e as restantes na localidade de Taibe.
«Estamos a protestar contra este incitamento ao ódio feito por israelitas on-line, em que estão a dizer 'morte aos árabes'», disse um manifestante à rádio do exército.
Entretanto, a polícia de Israel confirmou a abertura de uma investigação interna sobre alegações de brutalidade policial, na sequência da divulgação de um vídeo no Youtube.
Neste vídeo é possível ver-se o que parecem ser polícias israelitas a baterem e pontapearem uma pessoa algemada e semi-inconsciente, antes de a levarem para outro local. Alegadamente esta pessoa será Tariq Abu Khder, um adolescente de 15 anos, com nacionalidade norte-americana, primo do jovem palestiniano morto e que se encontra em Jerusalém a passar férias.
Os pais de Tariq disseram à Agência France Presse (AFP) que o seu filho foi preso em Shafat, depois de ter sido espancado na quinta-feira, pela polícia, durante umas férias naquela zona. O casal afirmou ter-lhes sido dito que o filho foi preso por estar mascarado.
O porta-voz da polícia israelita, Luba Samri, não soube confirmar se seria Tariq no vídeo divulgado no Youtube, mas confirmou que as imagens são da detenção de um grupo de seis palestinianos, do qual Tariq fazia parte.
Luba Samri disse que Tariq, que atacou polícias e resistiu à detenção, tinha na sua posse uma funda [arma de arremesso constituída por uma correia ou uma corda dobrada]. O porta-voz afirmou ainda que os outros jovens tinham atirado pedras e cocktails Molotov, tendo ferido seis agentes.
Por seu turno, os Estados Unidos mostraram-se «profundamente perturbados» com as notícias que dão conta que um adolescente norte-americano terá sido «brutalmente agredido» pela polícia israelita.
Num comunicado hoje divulgado pelo Departamento de Estado, assinado pela porta-voz Jen Psaki, os Estados Unidos «pedem uma investigação célere, transparente e credível e a responsabilização por qualquer uso excessivo da força».