O comandante da Polícia Nacional de Angola criticou hoje o «pronunciamento leviano» do líder UNITA, a pedir o adiamento das eleições, mas disse estar preparado para garantir a votação.
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Em conferência de imprensa hoje em Luanda, Ambrósio de Lemos afirmou que a Polícia Nacional «não vai permitir que haja perturbações em função dessa ameaça» às eleições gerais na sexta-feira, garantindo a defesa até às «últimas consequências» do Governo e do seu líder.
«Somos uma instituição do Governo e a polícia vai defender este Governo até às últimas consequências e muito especialmente o seu líder, porque é um Presidente que está aqui, e não podemos permitir que qualquer pessoa de forma leviana desafie e insulte a mais alta entidade deste país», declarou o comandante nacional da Polícia.
Na quinta-feira, Isaías Samakuva, líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), anunciou o desejo de um encontro com o presidente do partido no poder, José Eduardo dos Santos, para discutir o adiamento das eleições, em resultado de alegadas irregularidades, não se responsabilizado pelas consequências caso o diálogo seja recusado.
Para Ambrósio de Lemos, o pronunciamento do líder do maior partido de oposição foi «leviano» e levou-o a questionar o motivo pelo qual a UNITA aceitou anteriormente a data da realização das eleições e a participação na campanha eleitoral.
«Porque fizeram a campanha eleitoral? É uma pergunta que se pode fazer. A campanha eleitoral teve lugar em todo o país e esse senhor terminou-a ontem [quinta-feira] com esse pronunciamento», disse o comandante da Polícia Nacional, acrescentando que, «naturalmente, quem de direito irá dar resposta a isso».
A Polícia Nacional, garantiu, «está pronta e prestará serviços específicos nesta quadra para dar resposta a todos os desafios que atentem contra a estabilidade e a materialização das eleições» e apela «a todas as formações políticas para que os seus militantes e simpatizantes observem as leis, normas e regulamentos estabelecidos».
«Os pronunciamentos de incitamento à desordem devem ser banidos de qualquer um dos políticos envolvidos neste processo eleitoral», disse Ambrósio de Lemos, insistindo que, em caso da perturbação da ordem, a sua força não irá esperar para dar «uma resposta para o imediato restabelecimento da segurança pública».
O comandante nacional informou que o pronunciamento da UNITA não alterou o plano de segurança previsto para sexta-feira, que envolve um total de 70 mil efetivos em todo o país, e confia que «o povo está maduro, consciente, quer paz» e não vê necessidade de se entrar «numa violência ou numa contenda».
«Estamos prontos para atender a essas questões todas», assegurou o comandante da Polícia Nacional e, na sexta-feira, «todos os cidadãos em condições de votar devem acorrer às urnas para exercer o seu direito».
No balanço da operação do último mês, a Polícia Nacional registou 19 crimes relacionados com a campanha eleitoral iniciada a 31 de julho, 13 dos quais esclarecidos, com vinte detidos, a maior parte relacionada com vandalismo, ofensas corporais e furtos.
«Podemos dizer que a campanha dos partidos e coligações de partidos puderam apresentar os respetivos programas de Governo e os argumentos políticos para convencer os eleitores», afirmou Paulo de Almeida, segundo comandante da Polícia Nacional.