Polícias exaustos nas Canárias pedem reforços e medidas para evitar propagação de doenças
A crise migratória, que parece fora de controlo, tem obrigado os polícias a trabalhar, em média, entre 12h a 14h por dia.
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Sem mãos a medir para enfrentar a crise migratória nas Canárias, que não dá sinais de abrandamento, os polícias do arquipélago, esgotados e com receio de ficarem doentes, apelaram esta sexta-feira a reforços e protocolos que garantam a segurança e a saúde de todos.
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Só no último fim de semana, chegaram à pequena ilha de El Hierro, em Espanha, mais 500 migrantes. A transferência de sete mil pessoas para o continente não chegou para aliviar a situação.
"Agora mesmo estão a chegar imigrantes. Até ao dia 31 de outubro, chegaram 30.700 imigrantes ao arquipélago das Canárias", sublinha Marcos Santiago, secretário-geral do Sindicato Unificado da Polícia nas Canárias, em declarações à TSF.
Marcos Santiago lamenta a situação, que parece fora de controlo, e revela que os polícias estão a trabalhar, em média, 12h a 14h por dia, sem que, até ao momento, tenha havido qualquer tipo de reforço.
"Não estão a enviar-nos nenhum reforço e com isso estamos a fazer tudo. Temos uma ilha pequena que se chama El Hierro, que é onde mais migrantes estão a chegar e, aí, a Polícia Nacional não opera, só a Guarda Civil, porque é uma ilha muito pequena, tem apenas 11 mil habitantes e chegaram, aproximadamente, dez mil imigrantes só no mês de outubro e então tivemos de enviar elementos da Polícia Nacional, mas foi preciso retirá-los da ilha de Tenerife e, então, estão a trabalhar entre 12, 13, 14h por dia para identificarem todos os migrantes que chegam", denuncia.
Além da escassez de recursos humanos, faltam também, afirma Marcos Santiago, garantias de segurança sanitária, por isso, além de um reforço de efetivos, o sindicato pede protocolos que asseverem a segurança daqueles que estão expostos aos riscos.
"Pedimos ao Ministério do Interior que procure vacinar os polícias contra a Hepatite B, ou diferentes Hepatites, mas também contra possível febre amarela, assim como fornecer a todos os polícias que estiveram em contacto direto com os imigrantes óculos de proteção, máscaras luvas e uma área para isolar estas pessoas - caso isso seja determinado pelos médicos -, para que todos estejam protegidos contra qualquer doença", explica.
Nas últimas semanas, alguns imigrantes que chegam de países como o Senegal, Angola, Gâmbia ou o Congo, têm sido encaminhados para o continente, mas são ainda muitos os que permanecem nas ilhas.
"Quem está a levá-los é o Ministério da Imigração, juntamente com a Cruz Vermelha, e estão a distribuí-los por toda a Península Ibérica. Agora mesmo, foram levados sete mil imigrantes, mas, no entanto, ainda há muitos aqui no arquipélago", avança, afirmando que esta situação já obrigou as autoridades a converter antigos quartéis militares e parques de estacionamento em locais para acolher migrantes.