O Presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, comprometeu-se, perante o enviado dos Estados Unidos, Donald Booth, a negociar com o seu rival, Riek Machar, para acabar com o conflito, declarou hoje o diplomata norte-americano.
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«O Presidente Kiir assumiu perante mim o compromisso de que estava pronto a começar as negociações, sem condições prévias, com Riek Machar, a fim de acabar com a crise», indicou Donald Booth, a partir da capital sudanesa.
O enviado dos EUA para o Sudão do Sul, Donald Booth, chegou hoje a Juba para chamar a atenção para uma solução imediata para a crise que o país africano atravessa, depois do golpe de Estado falhado, informou o ministro dos Negócios Estrangeiros do Sudão do Sul, Barnaba Marial Benjamin.
O diplomata norte-americano reuniu-se hoje com o Presidente do Sudão do Sul, Salva Kir, e ambos insistiram sobre «a necessidade de uma solução urgente para a crise e o início de consultas inéditas entre o Governo e os rebeldes», adiantou Barnaba Marial Benjamin, apontando que Donald Booth reuniu-se igualmente com representantes dos autores do golpe de Estado fracassado, sem precisar detalhes.
As declarações do enviado norte-americano surgem depois de a missão francesa nas Nações Unidas ter avançado que o Conselho de Segurança tem hoje, a partir das 21:00 (mesma hora em Lisboa), uma reunião de urgência sobre a situação no Sudão do Sul.
A reunião destina-se, nomeadamente, a definir o reforço da missão da ONU no país (Minuss).
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, anunciou hoje que iria pedir ao Conselho de Segurança o reforço da Minuss.
Ban Ki-moon não deu detalhes sobre o número de elementos previstos para reforçar a missão das Nações Unidas no Sudão do Sul, onde estão estacionados sete mil soldados, 900 polícias e mais de dois mil civis.
Quase 45 mil pessoas estão sob proteção das Nações Unidas, em bases no Sudão do Sul, incluindo na capital, Juba, e nas cidades de Bor e Bentiu, indicou Ban Ki-moon, sugerindo que os reforços da Minuss poderão ser canalizados de outras missões de paz da ONU.
Ban Ki-moon acrescentou que tem apelado ao Presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, e aos líderes da oposição para encontrarem "um caminho de saída política" para a crise no país, e exigiu o fim imediato dos ataques contra civis e forças de manutenção de paz da ONU.
O Presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, denunciou na semana passada uma tentativa de golpe de Estado, a 15 de dezembro, e responsabilizou pelo sucedido o ex-vice-Presidente Riek Machar, que negou uma ação deste tipo.
A ONU alertou hoje para a grave situação humanitária, especialmente nas províncias de Jonglei e Unity, onde confrontos obrigaram à deslocação de 17 mil pessoas.
Em comunicado, o coordenador dos Assuntos Humanitários da ONU no Sudão do Sul, Toby Lanzer, sublinhou que a situação é «particularmente má» em Jonglei e Unity, nas mãos dos rebeldes, apesar da ofensiva das forças governamentais para recuperar o seu controlo.
Hoje, o exército do Sudão do Sul mobilizou os seus efetivos para tentar recuperar as cidades de Bor e Bentiu.