É mais um dos problemas bicudos que Londres terá para resolver se o sim ganhar na consulta da próxima semana: o que fazer, para onde levar o arsenal e a base de submarinos nucleares da marinha britânica, instalados na Escócia.
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O complexo fica em Faslane, nas margens de um rio a noroeste da cidade de Glasgow. É lá que estão guardados 58 mísseis Trident e 160 ogivas nucleares do arsenal do Reino Unido. É lá também o porto de abrigo de quatro submarinos Vanguard que podem lançar essas armas.
Acontece que a base pode ter de mudar-se para outras paragens se a Escócia optar pela independência. Os lideres da campanha pelo sim, incluindo o chefe do governo de Edimburgo, já disseram que no prazo de quatro anos pretendem que o país fique livre de armamento nuclear.
Oficialmente, o executivo de David Cameron diz que não tem um plano de contigência para este problema- porque isso poderia ser entendido como a admissão de que o sim pode ganhar o referendo.
A colocar-se de facto, a questão terá várias dimensões. A mudança para outro local demorará, dizem os especialistas, pelo menos uma década. Acresce que será preciso vencer a resistência da população do destino que vier a ser escolhido- nesta altura Davenport, próximo de Plymouth, e Falmouth, ambas na ponta sudoeste de Inglaterra, são as hipóteses mais faladas. Finalmente, uma empresa de tamanha grandeza custará muitos mil milhões de libras, uma despesa que Londres não tem orçamentada. E não é dinheiro que se arranje de um dia para o outro.
O problema tem obviamente uma dimensão que ultrapassa e muito as fronteiras do Reino Unido. Washington não quer ver o maior aliado sem armas nucleares, mais ainda numa altura de tensão com a Rússia. Há alguns meses, George Robertson, antigo secretário geral da Nato, e que é escocês, disse a propósito que a independência seria um «cataclismo» para a segurança do mundo ocidental. Para além disso, o Reino Unido passaria a ser o único país com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU sem arsenal nuclear.