Reportagem TSF em Israel. Jerusalém é refúgio para uma mãe que sobreviveu ao ataque do Hamas
Num relato curioso, a jovem israelita substituiu as palavras inglesas explosão, sirenes ou disparos por sons.
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Perto de 500 mil israelitas foram deslocados internamente desde os ataques mortais do Hamas a 7 de outubro, segundo um porta-voz do Exército israelita. A TSF encontrou, em Jerusalém, uma dessas famílias.
Abigail usa roupa larga, por cima de um corpo magro. Na cabeça usa um lenço com muitas voltas, como fazem as judias ortodoxas, para reservarem a beleza para o marido.
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Apesar de jovem, com apenas 24 anos, Abigail já tem dois filhos e uma bebé de seis meses. Vive, ou vivia, numa das localidades atacadas no dia 7 de outubro. Num relato curioso, a jovem substituiu as palavras inglesas explosão, sirenes ou disparos por sons.
Abigail conta que estava sozinha com a bebé quando ouviu as sirenes. Agarrou a criança e foi à janela, de onde ouviu os disparos.
"Aproximei-me da janela e ouvi pium pium", recorda.
A jovem aponta que foram rapazes muito novos que entraram na sua casa e a mandaram deitar no chão, tendo acabado por fugir com a chegada de um guarda. Pelo meio, sirenes e explosões.
Não se percebe muito bem como acabou por escapar, mas percebe-se que está agora em casa da avó em Jerusalém. Não conseguiu trazer nada. Trouxe apenas a família - o marido e os filhos - e sobreviveu, ao contrário de centenas de israelitas com quem partilhou essa madrugada.
Desde os ataques mortíferos do movimento islamita palestiniano que mataram 1400 pessoas em Israel, o Exército tem vindo a bombardear a Faixa de Gaza e a preparar uma ofensiva terrestre, provocando grandes deslocações de população neste pequeno enclave que está sob um bloqueio israelita terrestre, aéreo e marítimo há 15 anos.
Segundo as Nações Unidas, no espaço de uma semana, um milhão de pessoas fugiu do norte da Faixa de Gaza para o sul.
Os ataques de retaliação efetuados desde 9 de outubro mataram pelo menos 2750 pessoas, na sua maioria civis palestinianos, incluindo centenas de crianças, segundo as autoridades palestinianas locais.