Reportagem TSF: muitas incógnitas na viagem de Marcelo. Presidente verá uma Kiev que Costa não viu
A deslocação do Presidente da República a Kiev já recebeu o sinal verde do Parlamento português.
Corpo do artigo
Se Marcelo Rebelo de Sousa visitar Kiev esta quarta-feira vai encontrar uma cidade muito diferente daquela que António Costa conheceu há mais de um ano. Nas ruas capital ucraniana passeiam-se, agora, milhares de jovens. As longas filas de trânsito fazem lembrar que esta é uma cidade com quase três milhões de habitantes, em tempo de paz, claro. Os mais de 30 graus que marcam os termómetros ajudam a encher as esplanadas ao fim da tarde na principal avenida de Kiev, bem junto à Praça Maidan.
A deslocação do Presidente da República já recebeu o sinal verde do Parlamento português. No domingo, na chegada à Polónia, Marcelo Rebelo de Sousa deixou claro o desejo de visitar Volodymyr Zelensky. O convite foi feito em maio do ano passado durante um encontro entre António Costa e o Presidente ucraniano. Depois de António Costa e Augusto Santos Silva terem visitado a Ucrânia foi definido que o Presidente da República "ficaria para o fim", recordou também Marcelo em declarações aos jornalistas na capital polaca. Certo é que a viagem do chefe de Estado está dependente de haver condições de segurança.
Ao longo do último ano e meio Marcelo Rebelo de Sousa não se tem cansado de sublinhar o apoio português à Ucrânia. Por exemplo, no dia em que se cumpria um ano do início da invasão russa, o Presidente jantou com um grupo de refugiados ucranianos, em Lisboa. Na altura, Marcelo anunciou que a visita ao país "provavelmente" seria no verão. Se agora, depois da luz verde do Parlamento, chegar o ok dos serviços de segurança, Marcelo poderá finalmente cumprir o desejo de viajar para junto de Volodymr Zelensky, com quem mantém um relacionamento, desde o momento em que foi eleito, "muito bom", assegurou há dias. E, como já anunciou há meses, deve condecorar Zelensky com a Ordem da Liberdade.
TSF\audio\2023\08\noticias\22\direto_rui_polonio19h
Na Ucrânia, Marcelo Rebelo de Sousa deverá aproveitar para sublinhar a ajuda portuguesa. Portugal já enviou, segundo dados do Ministério português da Defesa, mais de 1125 toneladas de material militar para Kiev. No último pacote, anunciado pla ministra Helena Carreiras, em junho passado, seguiram para Ucrânia 14 veículos M113, blindados que servem para o tranporte de tropas. Portugal tem ainda ajudado na formação dos combatentes de Kiev e já prometeu ajudar a pilotar os caças F-16. No entanto, se o Presidente da República pode até aproveitar uma eventual visita à Ucrânia para anunciar um reforço da ajuda portuguesa, é para já um mistério que só o tempo pode desfazer.
A Ucrânia assinala na quinta-feira o Dia da Independência, votada na Rada, o Parlamento ucrâniano, a 24 de agosto de 1991 e aprovada em referendo a 1 de dezembro do mesmo ano. Este ano as autoridades do país decidiram cancelar todas as comemorações públicas, a começar pela tradicional parada militar, na Praça da Independência. O objetivo é evitar grandes ajuntamentos em tempo de guerra. Mas para lembrar que a guerra começou há um ano e meio, no coração de Kiev há agora centenas de carros de combate, restos de mísseis e outro material do exército russo abatido pela Ucrânia desde 24 de fevereiro.