O Presidente da República chegou à capital ucraniana por volta das 05h30 (hora portuguesa).
Corpo do artigo
Marcelo Rebelo de Sousa chegou, esta quarta-feira, a Kiev, na Ucrânia. O chefe de Estado viajou de comboio desde a Polónia e chegou à estação ferroviária de Kiev às 05h30 (hora portuguesa).
Na capital ucraniana, Marcelo prepara uma agenda intensa, que passa esta manhã por uma visita à cidade de Bucha, a norte de Kiev, onde aconteceu um dos primeiros massacres russos no início da guerra.
Esta é a primeira visita de Marcelo Rebelo de Sousa à Ucrânia desde o início da guerra. O chefe de Estado deixou a Polónia na terça-feira à noite, ao lado do Presidente da Lituânia e o primeiro-ministro da Finlândia. Dez horas depois, chegou à capital ucraniana, numa viagem em que aproveitou para ler e trabalhar. Foi recebido esta manhã na estação de Kiev pelo vice-ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros.
À chegada, em declarações aos jornalistas, sublinhou que esta visita à Ucrânia têm três objetivos.
"É Portugal presente a mostrar a sua solidariedade em todos os domínios: político, diplomático, humanitário, militar, tudo o que seja fundamental e tudo o que é fundamental neste momento na vida da Ucrânia é fundamental na vida de Portugal. O segundo objetivo é o de participar na comemoração do Dia da Independência. É um dia muito especial, este ano ainda mais especial, numa altura em que há uma verdadeira adesão da comunidade internacional e em que há uma contraofensiva ucraniana para recuperar aquilo que é o seu território, a integridade do território e a afirmação da sua soberania. Em terceiro lugar, participar numa cimeira que reafirma a nossa posição sobre a Crimeia, nós nunca admitimos que a Crimeia deixasse de ser parte do território de ucraniano", afirmou.
TSF\audio\2023\08\noticias\23\marcelo_rebelo_de_sousa_1_3_objectivos
O Presidente da República, também comandante supremo das Forças Armadas, admitiu uma resposta positiva da Marinha portuguesa ao pedido de apoio para a desminagem do Mar Negro e do Mar de Azov, feito pelo ministro ucraniano da Defesa, numa entrevista à RTP, na terça-feira.
Marcelo adiantou que essa "é uma questão que será tratada pela senhora ministra da Defesa, o senhor ministro dos Negócios Estrangeiros, sob orientação do senhor primeiro-ministro".
"Mas nós estamos a fazer já tanta coisa no domínio militar, no treino da Força Aérea, na preparação de novos meios aéreos que possam ser cedidos para colaborar naquilo que é contraofensiva ucraniana, no equipamento, no treino dos leopard. São múltiplas as vertentes ao longo deste ano, porque não também a Marinha? Isso é uma questão que o Governo decidirá", explicou.
A visita de Marcelo à Ucrânia foi autorizada pelo Parlamento, através de uma consulta do presidente da Assembleia da República aos líderes parlamentares. Só o PCP não concordou, mas Marcelo Rebelo de Sousa já falou com Paulo Raimundo, o secretário-geral comunista, que lhe esclareceu que o não dos comunistas "não é um não completo".
"É dizer o seguinte: se for útil para o caminho da construção da paz, faz sentido, senão faz menos sentido", referiu.
TSF\audio\2023\08\noticias\23\marcelo_rebelo_de_sousa_3_pcp
Na agenda do chefe de Estado para esta quarta-feira está, da parte da manhã, a visita a lugares evocativos e, da parte da tarde, uma cimeira referente à Crimeia. Marcelo vai também assistir à condecoração de herois ucranianos.
Na quinta-feira, a agenda tem "uma dimensão bilateral política mais intensa" com encontros com Zelensky e com o primeiro-ministro ucraniano. O Presidente da República vai ainda visitar uma instituição de crianças ucranianas e a catedral de Santa Sofia.
O Presidente da República está acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, pelos antigos deputados João Soares e Pacheco Pereira, pelo chefe da Casa Civil da Presidência, Fernando Frutuoso de Melo, pelos embaixadores Maria Amélia Paiva e Jorge Silva Lopes e pelo empresário Luís Delgado.
O chefe de Estado é a terceira alta individualidade do Estado Português a deslocar-se à Ucrânia, depois da visita do primeiro-ministro, António Costa, no dia 21 de maio de 2022, e do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, no início há cerca de três meses e meio.
O Presidente da República solicitou na terça-feira a autorização ao parlamento para se deslocar à Ucrânia durante esta semana.
A deslocação do Presidente da República surgiu na sequência de um convite feito pelo homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, aquando da visita de António Costa a Kiev.
A visita do Presidente da República coincide com a comemoração do 32.º aniversário da independência da Ucrânia. Está prevista a participação de representantes de outros países que apoiam os ucranianos desde o primeiro dia contra a "operação militar especial", como é designada pelo Kremlin.