Reportagem TSF na Argentina. Líder das Madres de Mayo alerta que "Milei quer impor guerra civil"
Carmen Arias diz à TSF temer pelo regresso da ditadura e pelo fim da paz no país, caso o candidato negacionista vença as eleições. "Ele, apesar das Malvinas, até elogia Thatcher."
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As Madres da Plaza de Mayo, que de lenço branco na cabeça marcham desde 1977 em frente à Casa Rosada, em protesto contra o desaparecimento de 30 mil jovens na ditadura militar, são uma das imagens de marca da Argentina democrática que não quer jamais esquecer aquele período negro dos anos 70 e 80.
Na sede das Madres, a cerca de 20 minutos, caminhando, da praça que dá o nome à associação, a líder Carmen Arias, recebe a TSF para 'matear', isto é, para conversar enquanto se toma um mate, um costume de origem indígena, de que nenhum argentino se separa.
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Quase portuguesa, como se define, por ter nascido na Galiza, Carmen diz ter como principal objetivo fazer com que "isto", ou seja, as Madres de Plaza de Mayo, "não termine nunca, em memória dos filhos desaparecidos".
Para tal, não pode vencer Javier Milei, o candidato que nega o desaparecimento de 30 mil jovens na ditadura.
"O que mais me mete medo é que essa gente vai tentar implementar uma ditadura, eu digo sempre que em poucos meses com eles teremos uma guerra civil."
"Há algo menos argentino do que isso? Idolatrar alguém que ajudou a matar um monte de gente nas Malvinas e não ter o orgulho de dizer "as Malvinas são argentinas", como é possível isso, ele é alguém que quer destroçar o país..."
Com Milei, teme Carmen Arias, "o povo vai perder tudo".
"Essa gente do Milei quer privatizar escolas públicas e hospitais públicos, retirar subsídios dos desempregados e reformas dos aposentados".
Nas Madres de Mayo, assim como nas Abuelas de Mayo, associação paralela que acaba de encontrar o 133.º desaparecido do período mais sombrio da história argentina, "ditadura nunca mais".