Após o veto da Rússia e da China a uma resolução sobre a Síria, na reunião do Conselho de Segurança da ONU deste sábado, Moscovo justificou que era preciso mais tempo para negociar.
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Após um coro de críticas ao veto por diplomatas árabes, dos Estados Unidos, países da União Europeia, secretário-geral da ONU e organizações humanitárias, o embaixador russo, Vitaly Churkin, saiu do hemiciclo para declarar que o processo falhou porque a votação foi forçada para este sábado.
Antes da reunião do Conselho de Segurança, Churkin «explicou» aos outros 14 diplomatas «o significado das últimas emendas» propostas por Moscovo e sugeriu continuar as discussões «mais dois a três dias», em busca de uma conclusão que refletisse a «realidade no terreno».
Apresentada por Marrocos e apoiada por árabes e ocidentais, a resolução exigia a cessação imediata da violência no país e declarava «apoio total» à iniciativa política da Liga Árabe para o país.
A principal alteração proposta este sábado pela Rússia tinha a ver com o calendário da iniciativa da Liga Árabe, sobre elementos como a retirada de forças de segurança das cidades sírias.
Em vez do «acordo» com o calendário, os russos queriam substituir esta expressão por «levando em conta», depois de várias semanas de contactos e de, ao longo da última semana na ONU, negociações directas sobre o texto da resolução apresentada por Marrocos.
Para Churkin, o objectivo era dar «mais flexibilidade» ao texto, uma vez que a situação no terreno «mudou» desde a iniciativa árabe.
«Não há nenhuma regra que diz que o Conselho tem de adoptar "verbatim" todas as declarações de organizações regionais. Não são o Corão ou a Bíblia!», disse Churkin, o último dos diplomatas a falar após uma troca acesa de palavras na ONU.
«Se nos colarmos a este calendário, pode acontecer que daqui a duas semanas o diálogo político não começou. E então o que fazemos? Abandonamos o processo? Voltamos ao Conselho para votar sanções?», questionou.
Apesar do fracasso deste sábado, houve «muito sucesso» ao longo das negociações, em particular para afastar o medo de que a resolução daria cobertura a sanções ou uma intervenção militar, disse, acrescentando que e a Rússia vai continuar activamente e de boa-fé a procurar soluções políticas, dentro e fora do Conselho de Segurança.
O embaixador da China considerou «lamentável» ter sido posto a votação um texto que «não tinha apoio» por «não terem sido levadas em conta» as últimas propostas. Li Baodong acrescentou que este resultado «não ajuda a unidade e autoridade do Conselho».
Antes destas declarações e depois de vários países terem criticado o veto, também o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, qualificou o veto de uma «grande desilusão para o povo da Síria e Médio Oriente, para todos os apoiantes da democracia e dos Direitos Humanos».