Subscritor de carta a Lagarde afirma que há duvidas sobre as condições de Centeno enquanto governador do Banco de Portugal.
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Três membros da Comissão de Economia e Finanças do Parlamento Europeu enviaram, esta quarta-feira, uma carta a Christine Lagarde, para a presidente do Banco Central Europeu se pronunciar sobre independência de Mário Centeno enquanto governador do Banco de Portugal.
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Estes eurodeputados consideram que "não pode haver dúvidas sobre a independência da instituição". E, apesar de o comité de ética do Banco de Portugal já se ter pronunciado sobre o caso, querem "perceber melhor em que bases é que essa avaliação foi feita" e esperam agora que o Banco Central Europeu também faça a sua avaliação a Mário Centeno.
A TSF ouviu em Bruxelas um dos subscritores da carta enviada a Christine Lagarde. O eurodeputado Siegfried Mureșan, vice-presidente do PPE, pede a Christine Lagarde para se pronunciar sobre o caso.
"Escrevemos uma carta à presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, sobre os desenvolvimentos em torno do Governador do Banco Nacional Português, o Sr. Centeno, porque estamos preocupados com a independência do banco nacional, do banco central em Portugal", afirmou.
O eurodeputado afirma que há dúvidas entre alguns deputados da Comissão de Economia e Finanças do Parlamento Europeu sobre as condições de Centeno enquanto governador do Banco de Portugal.
"Colocamos pontos de interrogação quanto à capacidade do Sr. Centeno para cumprir o seu dever de forma independente, dadas as suas filiações e interferências políticas e possíveis envolvimentos num futuro próximo", afirma.
O eurodeputado afirma que os três subscritores da carta - uma espanhola, um alemão e ele próprio de nacionalidade romena - dão amplitude europeia a um caso que quer ver tratado, não só pelo comité de ética do Banco de Portugal, mas, ao mais alto nível no BCE.
"Esperamos que qualquer comité de ética faça uma avaliação séria e objetiva, e compreendo que essa avaliação tenha sido feita. Agora, vamos tentar perceber melhor em que bases é que ela foi feita e esperamos uma avaliação do Banco Central Europeu com base nas competências que o BCE tem, e esperamos que essa avaliação seja exaustiva", exige Siegfried Mureșan, esperando "que o Parlamento seja informado de imediato".
"Essa avaliação tem de ser da maior credibilidade, para que o BCE possa continuar a exercer as suas responsabilidades sem qualquer dúvida quanto à independência do BCE ou de qualquer dos membros que, na sua qualidade de presidentes dos bancos nacionais, tomam decisões a nível do BCE", considerou.
Os eurodeputados, todos membros do Partido Popular Europeu, a família política do PSD e do CDS, esperam uma resposta do Banco Central europeu, no espaço de "poucas semanas", disse Siegfried Mureșan.