TSF na Cisjordânia. "O problema é a ocupação, é muito antiga e dura há muito tempo"
Apaixonou-se por um palestiniano na Roménia, foi para Belém e, 35 anos depois, Gabriela não tem dúvidas: o problema do conflito não é a religião.
Corpo do artigo
Dir-se-ia que uma mulher loura em Belém só pode ser turista, mas afinal não. Ou, pelo menos, não no caso de Gabriela. "Sou romena", conta à TSF, "casei aqui com um palestiniano que estudava Medicina na Roménia".
Nunca mais quis outra coisa. "Vivo aqui há 35 anos, por isso já é a minha segunda casa", explica esta professora que, por estes dias, vai tentando ser taxista, já que não tem alunos, embora os turistas também sejam muitos.
Vivem nesta cidade da Cisjordânia perto de 20 mil cristãos, mas os vizinhos de Gabriela - "muito bons vizinhos" - são muçulmanos. A convivência, à imagem do resto do dia a dia em Belém, é pacífica.
TSF\audio\2023\10\noticias\19\dora_pires_c_trads
"Quando há festas, no nosso Natal ou no Ramadão deles, saudamo-nos uns aos outros", conta, e as vidas destas duas famílias só separam nas aulas de religião dos filhos.
"Vão juntos para a escola, só se separam para as aulas" que são obrigatórias, "de resto fazem tudo juntos".
Pelo que sabe, mas também pelo que foi vivendo ao longo das últimas três décadas e meia, tem uma certeza sobre o agravamento do conflito: a culpa de toda a mortandade não é da religião.
"O problema é a ocupação", identifica, "é muito antiga e dura há muito tempo". Para Gabriela, esse, sim, "é o problema".
Não fosse isso, esta cidade da Cisjordânia seria perfeita para viver.