Governo português pede respeito pela legitimidade da Assembleia Nacional venezuelana
Executivo português estabelece como principal preocupação a segurança da comunidade portuguesa na Venezuela
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O Governo de Portugal pediu esta quarta-feira que seja respeitada a legitimidade da Assembleia Nacional da Venezuela e o direito à manifestação pacífica, depois de Juan Guaidó, líder do parlamento e opositor de Nicolás Madurto, se ter autoproclamado Presidente interino.
"Apelamos a que não haja violência na Venezuela, que seja respeitada a legitimidade da Assembleia Nacional e que seja também respeitado o direito das pessoas a manifestarem-se pacificamente", lê-se numa mensagem divulgada na conta oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros português na rede social Twitter.
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"Acompanhamos minuto a minuto a evolução da situação na Venezuela. A nossa preocupação principal é a segurança da comunidade portuguesa. Estamos também em contacto permanente com os nossos parceiros mais próximos, designadamente na União Europeia", afirma-se numa mensagem colocada minutos antes na mesma conta.
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Horas antes, o chefe da diplomacia portuguesa, Augusto Santos Silva, sublinhava em Madrid que a sua "prioridade" era garantir a "segurança física" dos portugueses que vivem na Venezuela, esperando que as manifestações neste país sejam "pacíficas".
"Respeito a decisão dos outros países [...], mas a segurança física dos portugueses que vivem na Venezuela é a prioridade número um" da diplomacia portuguesa, disse Augusto Santos Silva, numa conferência de imprensa acompanhado pelo chefe da diplomacia espanhola, Josep Borrell.
Santos Silva explicou que Lisboa tem "um elemento nacional" específico quando se trata do relacionamento com a Venezuela, que é o facto de haver cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes nesse país, sendo essa a sua "primeira preocupação", insistiu.
"Peço a todas as partes que se manifestam muito legitimamente, como é próprio das democracias, que o façam pacificamente sem pôr em causa a segurança dos bens e das pessoas", afirmou o ministro português.
Poucos minutos antes desta declaração e na mesma conferência de imprensa, o ministro espanhol tinha avançado que Espanha e Portugal apostavam numa "solução política e negociada" como única saída possível na crise venezuelana e irão impulsionar a criação de um "grupo de contacto" da União Europeia.
Juan Gaidó tornou-se o rosto da oposição venezuelana ao assumir, a 3 de janeiro, a presidência da Assembleia Nacional, única instituição à margem do regime vigente no país.
Nicolás Maduro iniciou a 10 de janeiro o seu segundo mandato de seis anos como Presidente da Venezuela, após uma vitória eleitoral cuja legitimidade não foi reconhecida nem pela oposição, nem pela comunidade internacional.
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