Vinte e quatro detidos em protestos nos arredores de Paris após morte de jovem pela polícia
Um polícia matou a tiro um rapaz de 17 anos por alegada tentativa de fuga quando mandado parar pelas autoridades. No entanto, um vídeo do momento conta uma versão diferente. Foram abertas duas investigações.
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Um jovem de 17 anos foi morto a tiro na terça-feira, na cidade francesa de Nanterre, nos arredores de Paris, por desobedecer a ordens policiais. O caso desencadeou protestos violentos que levaram à detenção de 24 pessoa, na madrugada desta quarta-feira.
As autoridades francesas alegam que o jovem conduzia sem documentos e tentou atropelar os agentes. No entanto, um vídeo que circula nas redes sociais, mostra dois polícias a parar o carro e um deles a apontar uma arma ao rapaz, disparando quando o veículo arranca.
Os serviços de emergência tentaram reanimar o jovem no local, mas este não sobreviveu.
O incidente instalou desordem nas ruas francesas, com carros e caixotes do lixo incendiados e paragens de autocarros destruídas.
O responsável pela polícia de Paris, Laurent Núñez, explicou esta quarta-feira ao canal CNews que os manifestantes incendiaram 42 veículos, além de máquinas utilizadas na construção, e que os 350 policiais destacados durante a noite impediram roubos em lojas e noutros edifícios.
O Ministério Público abriu duas investigações, uma delas por homicídio voluntário, a segunda por causa da fuga da vítima. Esta decisão provocou a indignação da família do jovem porque, como afirmou a advogada Jennifer Cambla que tomou conta do caso, "em França não se pode julgar um morto".
Além disso, insistiu que a reação da polícia foi "absolutamente ilegítima" e que "não se enquadra no quadro da legítima defesa" porque "sentir-se ameaçado não basta para disparar uma bala no peito".
Este incidente gerou uma reação política, especialmente de alguns dirigentes de esquerda, que denunciaram o grande número de mortes às mãos de elementos policiais, que contam com a legítima defesa, principalmente quando o condutor foge a um posto de controlo.
O ministro do Interior francês, Gerald Darmanin, classificou as imagens como "chocantes" e apelou ao respeito pela "dor da família e a presunção de inocência da polícia", citado pela AFP.
À la suite de la mort ce matin, à Nanterre, d"un jeune conducteur contrôlé par deux policiers, l"IGPN a été saisie pour faire toute la lumière sur les circonstances de ce drame.
- Gérald DARMANIN (@GDarmanin) June 27, 2023
A estrela da seleção francesa Kylian Mbappé também reagiu, escrevendo numa mensagem, na sua conta no Twitter: "A França magoa-me. Uma situação inaceitável. Estou com a família e parentes de Naël, esse anjinho que se foi cedo demais".
J"ai mal à ma France.
- Kylian Mbappé (@KMbappe) June 28, 2023
Une situation inacceptable.
Tout mes pensées vont pour la famille et les proches de Naël, ce petit ange parti beaucoup trop tôt.