Von der Leyen acusa a Rússia de crimes de guerra e pede solidariedade contra "chantagem de Putin"
Ursula von der Leyen reconhece a preocupação dos europeus com a crise provocada pela guerra na Ucrânia.
Corpo do artigo
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen considerou esta quarta-feira que "os ataques da Rússia contra infraestrutura civis" na Ucrânia marcam "um novo capítulo numa guerra já por si cruel". A este respeito, a presidente do executivo comunitário lembra que "a ordem internacional é clara", a enquadrar ações como as da Rússia.
"São crimes de guerra!", enfatizou a chefe do executivo comunitário, considerando que os "ataques dirigidos à infraestrutura civil têm o objetivo claro de privar homens, mulheres, crianças de água, eletricidade e aquecimento agora que o inverno está a chegar". A presidente vai mais longe ainda dizendo que se trata de "atos de puro terror, e temos que chamá-lo como tal".
Von der Leyen reiterou o apoio continuado à Ucrânia "pelo tempo que for necessário", prometendo "proteger os europeus da outra guerra que Putin está a travar contra a nossa energia".
A falar na véspera do Cimeira Europeia, em que energia vai ser um dos aspetos centrais do debate, a presidente da Comissão reconhece que "os europeus estão preocupados", com o agravamento das condições em matéria de "inflação e com contas de energia".
Para a presidente do executivo europeu "a melhor resposta à chantagem do gás de Putin é a unidade e a solidariedade europeias". A observação de Von der Leyen vai ao encontro da proposta de regulamento que apresentou na tarde de terça-feira, "para fazer face à crise energética".
Uma das vertentes da proposta passa pela aquisição conjunta de gás pelas empresas europeias. Uma medida que para Von der Leyen é "tão lógica quanto importante", procurando assegurando que "em vez de se sobreporem, os europeus compram gás juntos".
Outra das medidas visa a partilha de gás na Europa, para lidar com a exposição que alguns Estados-membros mantêm em relação ao gás russo. "A situação é especialmente desafiadora para os países da Europa Central, sem zona litoral", reconhece Von der Leyen, notando que "num mercado único com cadeias de abastecimento altamente integradas, uma perturbação num Estado-Membro tem um impacto enorme em todos os Estados-Membros".
A presidente critica, porém, o facto de "até hoje apenas foram assinados seis dos 40 acordos possíveis", em matéria de partilha de gás, o que para Von der Leyen "simplesmente não é suficiente".
"É por isso que vamos estabelecer regras padrão para os Estados-Membros, que será vinculativo, partir do momento em que não concluam os acordos individuais de solidariedade", salientou, considerando que "a solidariedade energética é um princípio fundamental nos nossos Tratados".
A proposta de regulamento que será discutida a partir de amanhã ao mais alto nível pelos 27, em Bruxelas, tem ainda como objetivo "dominar a volatilidade e as subidas extremas de preços no principal mercado europeu do gás, que é chamado TTF". Por essa razão, serão introduzidos limites de "referência" para as compras de gás.
"A referência TTF foi principalmente concebida para o gás de gasoduto, mas todos sabemos que este mercado mudou drasticamente, para maior consumo de Gás Natural Liquefeito. Portanto, o TTF já não reflete a verdadeira situação do mercado. Por isso, vamos desenvolver um parâmetro de referência complementar específico de GNL para a próxima estação de abastecimento [dos depósitos de gás]", justificou a presidente da Comissão.
Von der Leyen expressou ainda "preocupação com a competitividade da economia" europeia, em "tempos de alta incerteza económica", esperando "todas as ações [entre os 27] tenham isto em consideração", nomeadamente acelerando os plano de investimentos para o o projeto designado como REPowerEU, lançado em março, para substituir o gás russo.