Foi a pergunta, desesperada, feita pelo cunhado de uma das vítimas quando, no fim de janeiro, as autoridades malaias declararam como «acidente» o desaparecimento, há um ano, do avião que voava de Kuala Lumpur para Pequim.
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Nesse dia, muitos dos familiares das 239 vítimas do voo MH370 ficaram furiosos. A notícia de que o governo da Malásia havia tomado essa decisão provocou indignação.
Estavam indignados por não terem sido previamente contactados pelas autoridades. A notícia devia ter sido dada numa conferência de imprensa, que acabou por ser cancelada quando muitas pessoas se concentraram no local, exigindo o regresso dos que iam a bordo.
Mas este foi só mais um dos momentos de desespero por que tem passado os que nada - ou quase nada - sabem do que aconteceu aos entes queridos no dia 08 de março de 2014.
Com o passar do tempo, sem respostas e nenhum sinal do aparelho da Malaysian Airlines, os familiares contestam frequentemente o rumo dado às buscas.
Numa primeira fase, foram sofrendo o desalento de não se confirmarem as notícias que iam chegando sobre o avistamento de destroços do aparelho que, afinal, não passava de lixo a flutuar no oceano.
De desaire em desaire, um grupo de familiares das vítimas decidiu no passado verão avançar por conta própria: lançar na internet uma campanha de recolha de fundos, um "crowdfunding", que permitisse reunir dinheiro para uma recompensa a pagar a quem fornecesse pistas sobre onde estaria o avião.
A verba, explicou uma das envolvidas em entrevista à Deutsche Welle, serviria também para contratar investigadores privados que depois seguiriam essas pistas.
As expectativas estavam em alta, a meta era angariar 5 milhões de dólares.
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No entanto, o tempo viria a provar que o otimismo era demasiado. Quando chegou ao fim, em agosto, a campanha tinha rendido pouco mais de 100 mil dólares.
No fim de fevereiro, numa reportagem do jornal Guardian, outro dos promotores da ideia disse, desalentado, que «já ninguém liga».
Nos dias a seguir à tragédia «havia um milhão e setecentas mil pessoas que nos transmitiam apoio no Facebook e no Twitter. Acreditávamos que essas pessoas também estariam connosco e que em duas semanas chegaríamos aos 5 milhões de dólares. Mas a verdade é que já ninguém liga. A vida continua, esta é uma daquelas coisas que chocam as pessoas, mas depois não fazem nada».
Apesar do desaire, o grupo decidiu levar por diante a segunda parte do plano. Contratou uma empresa de investigação privada que tenta descobrir o que aconteceu e onde está o avião.
Questionado sobre que balanço faz do trabalho desses detetives, o entrevistado pelo Guardian diz que eles se tem empenhado, mas que são muitos os entraves, os silêncios com que se deparam. A verdade é que «ainda não conseguiram coisa alguma», reconheceu.