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O presidente da câmara de Mariupol, Vadym Boishenko, pediu esta quarta-feira aos moradores para deixarem a cidade, sitiada pelas tropas russas desde o início de março, e para utilizarem o corredor humanitário acordado com as forças de Moscovo.
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"Não tenham medo. Vão para Zaporijia. Lá estarão seguros", disse o autarca, na sua conta da rede social Telegram, após hoje de manhã o Governo de Kiev ter anunciado um acordo com as autoridades russas para abrir um corredor humanitário.
O objetivo deste corredor é fazer sair principalmente mulheres, crianças e idosos que ainda permanecem naquela cidade portuária, cenário de intensos combates, tendo como primeiro destino Zaporijia (sul), onde, recordou o autarca, "poderão voltar a encontrar-se com os seus familiares".
Para garantir o transporte destas pessoas foram mobilizados autocarros.
A abertura deste corredor humanitário foi hoje anunciada pela vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, depois de várias tentativas falhadas nos últimos três dias, devido à falta de garantias de segurança para avançar com a operação, segundo Kiev.
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Boishenko, que se encontra fora de Mariupol, estima que cerca de 100 mil civis ainda estarão na cidade portuária sitiada, que tinha meio milhão de habitantes antes do início da invasão.
A Rússia fez hoje um novo ultimato às forças ucranianas que resistem na fábrica metalúrgica Azovstal, em Mariupol, ordenando que deponham as armas.
Nessa fábrica estão os últimos resistentes das forças ucranianas - em número indeterminado, mas estimado entre 2.000 e 2.500 -- que estão acompanhados por milhares de civis que ali se refugiaram.

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Um oficial da 36.ª brigada do Corpo de Fuzileiros Navais, que continua a defender a cidade, enviou uma mensagem dramática na rede social Facebook, pedindo apoio internacional.
"O inimigo é 10 vezes superior em número", escreveu Sergei Wolyna, oficial daquela brigada, que avançou que Mariupol está prestes a ficar nas mãos dos russos.
A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de 5 milhões das quais para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.
A guerra na Ucrânia, que entrou esta quarta-feira no 56.º dia, já matou mais de 2.000 civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito mais elevado.