Catarina Martins alerta que o Orçamento do Estado para 2016 não pode fugir aos compromissos assumidos. Bruxelas não confirma nem desmente pressões para uma meta orçamental mais reduzida.
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Depois de Jerónimo de Sousa, também Catarina Martins avisa que os acordos à esquerda são para cumprir, independentemente das exigências de Bruxelas para o Orçamento do Estado para 2016.
O alerta da porta-voz do Bloco de Esquerda surge um dia depois do primeiro-ministro António Costa ter admitido que estão a ser difíceis as negociações com a Comissão Europeia porque Bruxelas quer um ajustamento mais ambicioso.
"É preciso ser absolutamente firme neste momento e dizer que não há recado nenhum que venha de lado nenhum que possa pôr em causa o acordo que foi firmado para parar o empobrecimento em Portugal e que o Orçamento de 2016 será naturalmente o espelho desse acordo", avisou Catarina Martins.
Questionada pelos jornalistas se este aviso era para a Comissão Europeia ou para o primeiro-ministro, António Costa, a porta-voz do BE foi perentória: "a nenhum dos partidos que fizeram este acordo passa pela cabeça que o Governo ponha em causa o acordo que firmou. Isso não tem nenhum sentido".
Catarina Martins pede por isso firmeza porque na política e lembra que os compromissos são para respeitar apesar dos obstáculos.
A Comissão Europeia confirma que está em conversações com o Governo, com vista às negociações sobre o projeto orçamental, mas escusa-se a comentar eventuais pressões para uma meta orçamental mais reduzida este ano.
Durante a conferência de imprensa diária do executivo comunitário, a porta-voz dos Assuntos Económicos, questionada sobre as negociações em curso entre Bruxelas e Lisboa, remeteu uma posição pública para quando a Comissão emitir a sua opinião sobre o documento.
"Tomámos nota do anúncio de que o esboço de projeto orçamental deve agora chegar muito em breve. Iremos analisar o plano e então emitiremos a nossa opinião. Não vou antecipar nada antes disso", afirmou Annika Breidthardt.
A porta-voz confirmou que, "claro" que a Comissão Europeia tem estado "em contacto próximo com as autoridades portuguesas", como faz "com qualquer Estado-membro durante o processo do semestre europeu" de coordenação de políticas económicas, mas, tal como também é tradicional, apontou, "não faz comentários sobre o conteúdo destas discussões".
Até sexta-feira, o esboço de orçamento chega a Bruxelas. O Executivo conta entregar o documento na Assembleia da República no início do mês de fevereiro.