Bloquistas criticam "cativações e sub-orçamentações" do documento, reforçam críticas à direita e apontam ao Tratado Orçamental: "Somos os únicos parvos a cumprir as regras da Europa".
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O primeiro dia do debate estava já perto do final quando, no púlpito, Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do Bloco de Esquerda, insistiu numa ideia: "Este não é o Orçamento de que o país precisa nem de que o Bloco gostava", disse, deixando críticas às "cativações" e "sub-orçamentações" que, entende o bloquista, fazem parte do documento elaborado pelo Governo de António Costa.
Apesar da crítica à proposta, o deputado sublinhou que essa seria, no entanto, uma marca que também estaria presente numa proposta apresentada por PSD e CDS-PP, salientando que ambos os partidos são "recordistas" nessa matéria.
Depois, o líder parlamentar passou ao ataque a um dos instrumentos que mais dúvidas suscita aos bloquistas: o Tratado Orçamental.
"Não acham que fazemos figura de parvos quando somos os únicos parvos a cumprir as regras nesta Europa parva?", questionou Pedro Filipe Soares, acusando "países como a França" de "acordos debaixo da mesa".
Em jeito de conclusão, lamentando o que entende como o apoio dado por PS, PSD e CDS-PP ao Tratado Orçamental, o deputado afirmou: "Quando as regras são injustas, a única regra justa é desobedecer".
BE acusa PSD e CDS-PP de "incapacidade" de criticar proposta orçamental
Durante o debate, pelo Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, deputada, apontou à direita parlamentar, assinalando uma "incapacidade de PSD e CDS-PP de apresentarem uma crítica robusta e estruturada ao Orçamento do Estado".
Saindo em defesa do documento apresentado pelo Executivo socialista, Mariana Mortágua não escondeu que a proposta orçamental tem "fraquezas", mas sublinhou, no entanto, os aspetos positivos que os bloquistas encontram no documento, como o aumento das pensões "que tinham estado congeladas", a introdução de um imposto "sobre o património de luxo" ou o descongelamento o Indexante de Apoios Sociais (IAS), assinalando que um orçamento elaborado pela direita teria "prometido um corte nas pensões".
Sublinhado que o novo imposto para taxar património imobiliário se trata de uma medida que trará "justiça e equidade" ao Orçamento do Estado, a deputada comentou ainda o corte no orçamento para a área da educação.
"Nunca, orçamento após orçamento, a direita deu um cêntimo a mais à educação", disse Mariana Mortágua, salientando que o primeiro reforço orçamental na educação feito "em vários anos" - um aumento de 286 milhões de euros, assinalou - só se verificou em 2016, com a atual solução governativa.
Ainda assim, a deputada bloquista sublinhou: "O historial de cortes históricos da direita não nos consola, porque a educação continua sub-orçamentada".
Durante a intervenção, Mariana Mortágua insistiu ainda no tema da dívida pública, afirmado que existe, atualmente, um "excedente orçamental" de mais de 5 mil milhões de euros que, salienta, "está a ir diretamente para o pagamento de juros da divida publica".
"Está a levar o país a endividar-se para pagar um a dívida que nunca iremos conseguir pagar", concluiu a deputada.