Compra de helicópteros. Sindicato apela à "humildade" de Nuno Melo, que fala em "desinformação"

Leonardo Negrão/Global Imagens (arquivo)
Na TSF, o sindicalista Rui Lázaro apelou à "humildade" do ministro da Defesa e sublinhou que "existem helicópteros civis preparados e construídos especificamente para emergência médica". Nuno Melo garante, por sua vez, que os helicópteros Black Hawk podem aterrar nos heliportos hospitalares
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O presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar espera que o Governo recue na compra de quatro novos helicópteros Black Hawk para emergência médica. Na TSF, Rui Lázaro apelou à "humildade" do ministro da Defesa, que na semana passada anunciou que a aquisição será feita até ao final de agosto do próximo ano.
Segundo a Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC), citada pelo jornal Público, estes helicópteros Black Hawk só podem aterrar num dos sete heliportos hospitalares autorizados para receber transportes aéreos de emergência médica. É uma informação que não surpeende Rui Lázaro, que, sublinhou, já tinha avisado que estes helicópteros não iriam servir.
"Estes novos dados vêm corroborar o que nós já dissemos na altura. Este modelo escolhido pelo Governo é desajustado para este tipo de serviço e pode, naturalmente, ter constrangimentos no serviço de emergência. Não só porque demora mais tempo para levantar voo, mas também porque tem restrições em locais de aterragem bastante maiores do que o modelo atual", disse.
O ministro cita um "relatório do INEM" para afirmar que a opção por estes helicópteros "é uma excelente escolha para operações de evacuação médica devido às suas capacidades excecionais e versatilidade".
Para Rui Lázaro, "o ministro da Defesa deve ter a humildade de reconhecer que o relatório em que se baseia analisa apenas os meios de Força Aérea Portuguesa. Existem helicópteros civis preparados e construídos especificamente para emergência médica".
"Existem outros locais onde estes helicópteros podem aterrar, como campos de futebol, mas longe dos hospitais. Isso obrigaria depois a uma deslocação da vítima e das equipas médicas de ambulância. Não é isso que se pretende para o serviço médico de emergência", concluiu.
Nuno Melo garante que helicópteros Black Hawk podem aterrar nos heliportos hospitalares
Entretanto, esta terça-feira o ministro da Defesa Nacional fez questão de garantir que os helicópteros Black Hawk que serão adquiridos pela Força Aérea podem ser utilizados para emergência médica, detalhando que, este ano, estes equipamentos já aterraram em 25 heliportos do país.
"Estes Black Hawk já aterraram em mais de 20 heliportos, só a norte do Tejo. É público e está em vídeo. Posso-lhe dizer que, de dia e de noite, já aterraram em 18. E de dia, já aterraram em 25. E, portanto, essa coisa de que não conseguem é conversa. E eu pergunto a quem aproveita essa desinformação", afirmou Nuno Melo, em declarações aos jornalistas após a cerimónia do 50.º aniversário da Polícia Judiciária Militar, em Oeiras.
Questionado sobre como explicava a posição assumida pela ANAC - que diz que o comprimento do Black Hawk impede-o de aterrar em seis dos setes heliportos autorizados a receber helicópteros de emergência médica -, Nuno Melo explicou que quem tem competência para certificar estes helicópteros é a Autoridade Aeronáutica Nacional e que os equipamentos militares estão excluídos da dimensão civil, sobre a qual atua a ANAC.
O governante garantiu também que "a Autoridade Aeronáutica Nacional já certificou estes helicópteros para aterrarem nestes locais todos", detalhando que é este organismo que regula também quais são os espaços onde os helicópteros militares podem aterrar, se for necessário.
"Eu tenho imenso respeito pela ANAC, é uma entidade absolutamente fundamental, está certíssima na dimensão civil. Acontece que, neste caso, quem certifica é a Autoridade Aeronáutica Nacional e a Convenção sobre Aviação Civil Internacional exclui as aeronaves militares no seu artigo 3.º. Portanto, compete à Autoridade Aeronáutica Nacional determinar os locais onde estes helicópteros militares podem aterrar", considerou ainda.
