O "acordo programático" existe mas António Costa admite que ainda não está tudo decidido. O líder do PS afirma estar "ainda a trabalhar para garantir que haja estabilidade ao longo desta legislatura".
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O acordo "está fechado na parte mais difícil e importante que tem a ver com as matérias programáticas" diz António Costa. "Há outra dimensão, que estamos ainda a trabalhar" continua o líder socialista, "para garantir que haja estabilidade ao longo desta legislatura. É importante que haja uma alternativa, mas é importante que essa alternativa não se frustre na instabilidade ou na incapacidade de governar no horizonte de uma legislatura".
Em entrevista à SIC o secretário-geral do PS confirma que haverá acordos separados com um com cada partido envolvido (Bloco de Esquerda, Partido Comunista Português e Verdes) e que esses acordos "terão como base o programa eleitoral do PS".
Sobre medidas concretas que um governo liderado pelo PS poderá apresentar, António Costa deu como exemplo a reposição dos salários dos funcionários públicos que terão um incremento gradual "de 25%" de forma a que "no último trimestre de 2016 já terão sido repostos, integralmente, os vencimentos cortados na função pública".
Quanto ao salário mínimo, Costa afirma que "os 600 euros serão alcançados ao longo da legislatura com um aumento real todos os anos e um aumento real ao longo da legislatura de 10% relativamente ao salário atual".
O secretário-geral do PS afirma que está fechada a parte programática do acordo com PCP, Bloco e "Os Verdes" e que no sábado apresentará na Comissão Nacional a proposta de programa de um Governo socialista. No domingo será a vez do Comité Central do Partido Comunista avaliar o acordo.
Sobre as divergências entre os vários partidos, António Costa diz que ao PS "compete assegurar que o conjunto de medidas propostas pelo PCP e que nós aceitamos integrar no programa de governo são coerentes com as propostas apresentadas pelo Bloco de Esquerda, pelo PEV, pelas nossas próprias propostas e que o conjunto do nosso programa de Governo nos permitirá cumprir as metas orçamentais que nos propusemos.
Numa entrevista que durou cerca de 40 minutos, o secretário-geral do PS disse que espera ter os acordos totalmente fechados com comunistas, bloquistas e "Os Verdes" até ao início do debate do programa do Governo na Assembleia da República, ou seja, na segunda-feira.
O secretário-geral do PS especificou depois que o ponto das negociações "não é idêntico" relativamente a cada um dos partidos (Bloco de Esquerda, PCP e "Os Verdes") e apontou neste contexto que os comunistas tornaram pública a iniciativa de enviarem esta tarde aos socialistas um documento intitulado "Posição conjunta do PS e PCP sobre solução política".
Esta iniciativa, na perspetiva de Costa, "significou um sinal de confiança de que até segunda-feira de manhã" haverá boas condições para a conclusão do documento.
"O PS sempre disse que não contribuiria para formar maiorias negativas. Um Governo viabilizável não é um Governo que dure três meses para fazer um Orçamento para 2016. Tem de ser um Governo que possa ter em perspetiva governar ao longo da legislatura", advertiu.
Já sobre o modelo dos entendimentos a celebrar com PCP, Bloco de Esquerda e "Os Verdes", o secretário-geral do PS afirmou que as "conversações têm sido distintas" com cada um deles, "até porque cada um dos partidos tem as suas prioridades programáticas", e adiantou que assinará acordos em separado com cada uma das forças políticas que apoiam a formação de um executivo socialista.
"Sendo a base o programa eleitoral do PS, cabia naturalmente ao PS assegurar a coerência interna do programa. Espero assinar três acordos distintos. Espero ainda aprofundar no futuro a nossa relação com o partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN)", acrescentou.