Esquerda a dois ritmos, direita acusa governo de "esvaziar" concertação social
Na véspera da reunião dos parceiros sociais, o CDS acusou o PS de seguir a via do "radicalismo da CGTP" e de pretender transformar a concertação social numa "conferência de imprensa" sobre o salário mínimo nacional. O PCP quer aumento já no início de 2016.
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Cecília Meireles, do CDS, acusou o PS de dar sinais "preocupantes" de que está a abandonar a via moderada para seguir a "opção CGTP" de maior "radicalismo".
A deputada centrista respondeu ao primeiro-ministro, António Costa, que, em entrevista recente, disse que a concertação social não pode ser transformada numa "câmara alta" com poder de veto sobre as decisões da AR.
Cecília Meireles sublinha que "toda a gente sabe que é o Governo que decide" mas "se o Governo já tudo decidiu, se o Governo já tudo negociou", então "já não há concertação social, o que há é uma conferência de imprensa do Governo perante patrões e empregadores".
José Soeiro, do Bloco de Esquerda, também citou essas palavras do primeiro-ministro para avisar que "nem os deputados, nem o governo se demitirão das suas responsabilidades", nomeadamente de decidir o valor do salário mínimo nacional de acordo com "os mínimos estabelecidos à esquerda e inscritos no programa do governo".
João Oliveira, líder parlamentar do PCP, sublinhou que os comunistas defendem que o aumento para 600 euros deve ocorrer já no início de 2016, tendo já sido apresentada, no parlamento, uma recomendação nesse sentido.
O Bloco e o PS acordaram num aumento faseado que atinja os 600 euros no final da legislatura.