Marisa Matias: "BE tem estado muito na defensiva, não tem sabido comunicar e terá de haver alterações"

Marisa Matias
Álvaro Isidoro / Global Imagens (arquivo)
Marisa Matias reconhece que o Bloco de Esquerda falhou na comunicação com os portugueses. Este fim de semana decorre a convenção do partido que marca o fim da liderança de Mariana Mortágua e o início do mandato de José Manuel Pureza, único candidato.
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Marisa Matias, dirigente nacional do Bloco de Esquerda (BE), admitiu esta sexta-feira que o partido tem vivido um "período difícil" e reconheceu falhas internas, sobretudo no que diz respeito à comunicação com os portugueses. Em declarações à TSF, a antiga deputada e eurodeputada afirmou que é essencial o BE assumir este momento e corrigir os erros cometidos.
"É importante que se possa assumir um período difícil que o partido vive. Obviamente há circunstâncias externas, há alterações que não são apenas em Portugal, mas também um pouco por toda a Europa e pelo mundo que têm feito de alguma forma recuar a esquerda, nomeadamente em termos eleitorais. Mas há outros fatores também internos. Há de certa forma alguma incapacidade em responder ao que as pessoas veem como os seus problemas principais", afirmou.
Marisa Matias sublinhou que o BE precisa de mudanças "na organização, na identificação das responsabilidades e na forma de agir", defendendo ainda alterações profundas na estratégia de comunicação. "O Bloco tem estado muito na defensiva, não tem sabido comunicar. Terá de haver alterações também do ponto de vista da resposta àquilo que é o momento que vivemos atualmente", declarou.
Apesar das críticas, a dirigente assegura que continua a existir espaço para o projeto político do BE em Portugal. Para Marisa Matias, temas como a crise na habitação, o aumento do custo de vida e a defesa de direitos básicos tornam o partido "necessário" no atual contexto social.
"Não é pelos maus resultados eleitorais que temos tido que significa que deixou de haver espaço para este projeto", reforçou.
A primeira convenção do BE, após as legislativas e as autárquicas, decorre este fim de semana, em Lisboa, e será marcada pelo debate interno sobre o futuro do partido. Marca ainda o fim da liderança de Mariana Mortágua e o início do mandato de José Manuel Pureza, único candidato.