"Não havia necessidade." General cita Diácono Remédios em resposta a Ricardo Araújo Pereira
Na comissão parlamentar de inquérito sobre o furto de material militar, o general Carlos Jerónimo, antigo chefe do Estado-Maior do Exército, criticou o "silêncio ensurdecedor" de alguns após rábula de Ricardo Araújo Pereira.
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Na comissão parlamentar de inquérito ao furto de material militar em Tancos, o general Carlos Jerónimo, antigo chefe do Estado-Maior do Exército, citou, esta quarta-feira, a personagem "Diácono Remédios", criada por Herman José, para sair em defesa do coronel David Teixeira Correia que, noutra audição no parlamento, disse aos deputados que mesmo não havendo sistema de videovigilância em funcionamento, em Tancos, os militares estavam obrigados a colocar e retirar as cassetes de vídeo de um gravador que não funcionava.
A audição e as declarações proferidas ao longo da comissão parlamentar de inquérito sobre o furto em Tancos levaram a que o humorista Ricardo Araújo Pereira fizesse uma rábula em que inclui as declarações do coronel David Teixeira Correia - um dos cinco comandantes exonerados temporariamente na sequência do furto de material militar em Tancos, ocorrido em junho de 2017.
"O assalto a Tancos dava um daqueles filmes de ação em que um 'gangster' charmoso reúne uma equipa de bandidos, também eles charmosos e com a sua especialidade gatuna que desempenham charmosamente", disse, na TVI, no programa "Gente que Não Sabe Estar", o humorista, que conclui na rábula que para assaltar os Paióis Nacionais de Tancos "basta um tipo que tenha uma tarde livre e um carrinho de mão".
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Em resposta a Ricardo Araújo Pereira, o general Carlos Jerónimo lamentou, logo no arranque da audição, que, após a rábula, ninguém tenha saído em defesa deste militar, apontando o "silêncio ensurdecedor de algumas entidades".
"Permitam-se, usando uma figura do Regimento desta casa, fazer a defesa do meu camarada coronel David Correia e do Exército - porque o Exército não é meu, não é vosso, é de todos nós - na sequência da rábula no programa 'Gente que Não Sabe Estar'. Sou totalmente a favor da liberdade de expressão (...) contudo, penso que neste caso, e como diria outro humorista da nossa praça na figura do Diácono Remédios, não havia necessidade", disse o general Carlos Jerónimo aos deputados.
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Logo no arranque da audição, o antigo chefe do Estado-Maior do Exército criticou ainda o facto de algumas audições sobre Tancos decorrerem abertas aos jornalistas, defendendo que deveriam ser feitas à porta fechada.
"O funcionamento de uma comissão aberta ao público não é a melhor solução, já que há assuntos de Defesa Nacional e segurança que mereciam maior recato", defendeu.
A comissão parlamentar de inquérito ao furto de material militar em Tancos tem previstas audições a 63 personalidades e entidades. Decorre durante 180 dias, até maio de 2019, e é prorrogável por mais 90 dias, para que se possa chegar a conclusões.